Uma mulher espanhola que teve sua filha recém-nascida seqüestrada e oficialmente dada como morta logo após o parto por médicos ligados à ditadura Franco, conseguir finalmente reencontrá-la, 44 anos depois.
Os seis primeiros filhos de Manuela Polo nasceram na humilde casa da famíliana vila de Sexe, na Galícia. Portanto, sua experiência fez com que jamais acreditasse na palavra dos médicos que realizaram seu sétimo parto em um hospital de La Corunha em 1968 quando estes lhe comunicaram que seu bebê havia morrido logo após o nascimento. Ela tinha chorado e agarrado a mãe com tanta força que ela sabia que a criança estaria viva.
Na última terça-feira (27/03), aos 79 anos, Manuela provou que seus instintos estavam corretos. Sua filha viajou de Valência, onde foi criada com o nome de Maria Jesús Cebrián, até Sexe, para conhecer sua mãe natural. “Olhem para ela, não tem como não dizer que é minha? Nunca acreditei que ela tinha morrido”.
Na época, os médicos disseram a Manuela que ela teve um menino que morreu rapidamente após o parto. Ao seu marido, eles mostraram apenas um pequeno caixão onde disseram estar o cadáver. Mas a verdade é que Maria fazia parte de uma rede de tráfico que envolvia médicos, enfermeiros, padres e freiras – ligada ao governo ditatorial espanhol.
A verdade foi descoberta através de um grupo de militantes locais que reuniu centenas de pessoas que acreditavam ter sido vítimas desses grupos, fossem pais ou filhos. Além de reunir as famílias verdadeiras, o objetivo real desse e de outros grupos em toda a Espanha é iniciar uma investigação nacional que possa destrinchar como a rede operava. Mais de 1.500 casos semelhantes estão registrados individualmente nas cortes espanholas. Muitos emperram em barreiras burocráticas, sob as justificativas dos hospitais de que não possuem mais registros da época.
Os laços entre Manuela e Maria foram encontrados quando o grupo galego entrou em contato e cruzou informações com outros ativistas valencianos. Há doze anos, quando descobriu ter sido adotada, María havia pedido à Justiça espanhola, sem sucesso, a identidade de sua mãe adotiva. O parentesco foi confirmado por testes de DNA.
Uma freira que dirige uma agência de adoção em Madri, a “irmã” Maria Gómez, é uma das suspeitas de coordenar essas redes de tráfico. As principais vítimas eram mulheres que já tinham tido muitos filhos, mães solteiras ou de gêmeos, com a premissa de que “não mereciam” ou “não precisavam” de (mais) filhos.
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