O governo ucraniano e separatistas pró-Rússia se acusaram mutuamente de violar o cessar-fogo poucas horas após a medida entrar em vigor, à meia-noite deste domingo (20h de sábado, no horário de Brasília).
Segundo Gennady Moskal, chefe da administração regional fiel a Kiev, dois civis morreram devido a um bombardeio em uma cidade da região de Lugansk cerca de meia hora após o início do cessar-fogo.
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O vilarejo atacado é Popaskoe, na cidade de Lugansk, mas que faz fronteira com a vizinha Debaltsevo, um dos principais focos do conflito entre forças ucranianas e pró-Rússia nas últimas semanas. De acordo a fonte, o fogo de artilharia continua na região.
Agência Efe
Vitrines danificadas durante confronto em Donetsk, no sábado (14/02), pouco antes do cessar-fogo entrar em vigor
Os separatistas também acusaram forças ucranianas de disparar pouco após a meia noite. A agência de notícias de Donetsk, região controlada pelas forças pró-Rússia, divulgou declaração do representante do Ministério da Defesa da autoproclamada República Popular de Donetsk, Eduard Basurin, de que forças ucranianas teriam mantido os ataques em Debaltsevo.
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Basurin também informou que nas zonas controladas pelos separatistas na região a trégua está sendo observada, exceto em Debaltsevo.
“Em geral, se observa a trégua, embora em Debaltsevo haja tiros contra nossas posições. Também se dispara contra Uglegorsk”, disse, para acrescentar que no restante das regiões separatistas a situação é “tranquila”.
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O porta-voz do comando militar ucraniano, Vladislav Selezniov, informou em entrevista coletiva que nas primeiras horas do cessar-fogo houve incidentes isolados, mas que mais tarde os combates cessaram. “Desde meia-noite, na zona de atividade militar, o regime de cessar-fogo é respeitado. Há tiros localizados, mas não de forma sistemática.”
Acordo
O acordo de trégua foi firmado na última quinta-feira (12/02) na cúpula realizada em Minsk pelos presidentes da Ucrânia, Petro Poroshenko; Rússia, Vladimir Putin; França, François Hollande, e a chanceler alemã, Angela Merkel. Entre outros pontos, o acordo prevê:
– troca de prisioneiros por ambos os lados em um prazo máximo de 19 dias;
– concessão de anistia geral pelo governo central de Kiev aos manifestantes do leste do país;
– reforma constitucional “profunda”;
– eleições municipais, após as quais será restabelecido o controle do governo sobre as fronteiras entre Donetsk e Lugansk, o que deverá ocorrer até o fim do ano;
– reforma política na Ucrânia com a descentralização e status especial para as regiões de Donetsk e Lugansk; e,
– nova legislação que contenha o direito à linguagem (na região, a maior parte da população fala russo), autodeterminação, manutenção de laços fronteirços com a Rússia e permissão para que os governos locais empossem procuradores e juízes.
Caso o processo diplomático não tenha sucesso, poderá haver um recrudescimento dos embates. Os Estados Unidos já sinalizaram disposição de enviar armamento à Ucrânia para que o país se defenda da “ameaça russa”. A Europa teme que este cenário possa desencadear uma guerra aberta na Ucrânia, tendo como atores os maiores rivais dos tempos da Guerra Fria.
*Com Agência Efe e AP