Com o bloqueio econômico imposto pelos Estados Unidos,
a Venezuela foi tocar à porta da China em busca de novos
investimentos e financiamentos. O presidente venezuelano, Nicolás Maduro,
passou quase uma semana no país asiático e saiu de lá levando na mala 28
acordos assinados e 700 projetos aprovados. Isso foi o que informou o próprio
mandatário, na última terça-feira (18/09), durante uma entrevista coletiva
com jornalistas de meios internacionais, no Palácio Presidencial de Miraflores,
na capital do país, Caracas.
O projeto mais ambicioso está na área do petróleo. A
nova meta estabelecida é a de ampliar para 1 milhão de
barris a exportação diária para a China. Hoje esse número é de
330 mil barris/dia. “Vai haver financiamento direto da China [no setor]”,
enfatizou Maduro. O governo venezuelano esclareceu que o aumento da exportação
para os chineses será resultado da ampliação dos campos de exploração e
produção de petróleo cru, portanto não deve afetar a relação com os atuais
compradores desse produto venezuelano.
Outro setor estratégico para os dois países é o de produção
de ouro, na região sudeste da Venezuela. A última certificação internacional,
em março deste ano, apontou que a Venezuela possui a quarta maior reserva de
ouro do mundo. Esta é uma riqueza ainda pouco explorada no país. A partir de
agora, os chineses também investirão na extração de ouro, no Arco Mineiro da
Venezuela.
A relação estratégica com a China vai contribuir
consideravelmente para o Programa de Recuperação, Crescimento e
Prosperidade Econômica que o Executivo está implementando desde o dia 20
de agosto, afirmou o presidente venezuelano.
Maduro destacou ainda a relação China-Venezuela entra
em uma nova etapa, que foi reforçada após a visita de Estado à nação asiática.
Além do setor energético, também foram realizados acordos de cooperação
nas áreas financeira, tecnológica, educacional, cultural, industrial e
agrícola.
Também ficou acordado que no próximo mês o governo
venezuelano vai levar 500 exportadores do país sul-americano para a Feira de
Comércio de Xangai, uma da mais importantes do mundo. O governo chinês promete
fazer oferta de compras no valor de 20 bilhões de dólares.
Visita histórica
No dia 20 de agosto, o governo venezuelano implementou um
novo plano de recuperação econômica no país, com a promessa de tirar a
Venezuela da crise em que está mergulhada há cinco anos, e
que piorou nos últimos dois anos.
Entre as medidas adotadas estão a reconversão
monetária, cortando cinco zeros da moeda local – desvalorizada no
cenário de hiperinflação e manipulação cambial artificial –, aumento
do salário-mínimo, internacionalização do preço da gasolina – que passou a
custar o equivalente a um dólar – e uma redefinição dos valores de serviços
essenciais como água, luz, telefone e transporte público.
Mas para o plano econômico funcionar e a economia sair da
recessão eram necessárias novas fontes de investimentos e financiamentos, de
acordo com o presidente venezuelano.
Justamente por isso, Maduro destacou o caráter histórico de
sua visita à China. “Estamos iniciando uma nova era nas relações e em nosso
programa de Recuperação Econômica. Fomos na data exata que tínhamos que ir para
a República Popular da China e conseguimos acordos exatos que necessitávamos
para o impulso econômico, sempre com o esforço próprio da Venezuela. Estamos no
rumo de ter uma economia pujante”, afirmou Maduro, durante a entrevista
coletiva.
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