O governo do Chile respaldou nesta quinta-feira (07/07) a afirmação das Forças Armadas de que a instituição desconhece a identidade dos pilotos que participaram do bombardeio ao Palácio La Moneda em 11 de setembro de 1973. Ela ocorreu durante o golpe de Estado liderado por Augusto Pinochet e resultou na morte do então presidente Salvador Allende.
O juiz Mario Carroza, que investiga a morte do ex-mandatário, busca esclarecer quem pilotava os aviões Hacker Hunter que atacaram a sede presidencial.
O ministro da Defesa, Andrés Allamand, assegurou que “estes são fatos que aconteceram exatamente há 38 anos. A FACH (Força Aérea do Chile) tem sido particularmente clara em colaborar com a investigação e mostrar ao tribunal que os antecedentes que solicita não estão disponíveis”.
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Allamand acrescentou que o comandante-em-chefe do órgão, Jorge Ríos, convidou o juiz para revistar qualquer dependência da sede da FACH.
Na terça-feira, o general reformado Fernando Matthei, ex-chefe da Força Aérea e integrante da Junta Militar liderada por Pinochet, declarou diante do magistrado que não tem informações sobre quem realizou o bombardeio.
Matthei garantiu que não sabe os nomes dos pilotos. Ele recordou que, nessa data, era adido aeronáutico da embaixada chilena no Reino Unido e que só foi nomeado comandante-em-chefe da Força Aérea em 1978.
Ontem, o jornalista e escritor Eduardo Labarca publicou os nomes dos pilotos que teriam realizado os bombardeios no jornal eletrônico El Mostrador. A revelação ocorreu um dia depois do depoimento de Matthei, que afirmou desconhecer os nomes dos pilotos.
Em uma coluna, Labarca divulgou detalhes inéditos do ataque dos caças que destruíram a parte norte do edifício.
O jornalista relata que o primeiro disparo foi feito pelo tenente Ernesto Amador González Yarra, cujo nome de combate era Pequim. “González conseguiu perfurar a porta principal do La Moneda com precisão, motivo pelo qual gozou de grande prestígio na FACH até sua morte, em 1995”, relata o escritor.
O segundo avião, segundo Labarca, foi pilotado por Fernando Rojas Vender, conhecido como “Rufião”, que chegou a ser comandante-em-chefe da instituição entre 1995 e 1999.
Além disso, ele apontou que o ataque foi coordenado em terra pelo operador aéreo, o comandante Enrique Fernández Cortez, o “Gato”.
O jornalista é autor do livro “Salvador Allende. Biografia Sentimental” e disse que conseguiu os dados em entrevistas realizadas no fim da década de 1970 na Inglaterra e na Escócia com dois oficiais e 18 suboficiais da FACH e da Marinha que haviam sido detidos, torturados e expulsos dos órgãos por não estarem de acordo com o golpe.
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