As autoridades egípcias interditaram neste domingo (30/01) todos os escritórios da rede de televisão Al Jazeera no Egito, informou a própria emissora. O ministro da Informação teria ordenado a suspensão das operações, o cancelamento de suas licenças e a retirada da acreditação a todo o seu pessoal a partir de hoje, segundo a agência oficial de notícias Mena. Por enquanto, somente o serviço em inglês do canal continua funcionando.
A decisão também foi anunciada pela televisão pública egípcia, que indicou que a medida foi adotada pelo Ministério de Informação, embora ainda não haja uma composição de novos ministros no país, desde a dissolução do gabinete neste sábado.
O correspondente da Al Jazeera no Cairo Dan Nolan anunciou às 11h horário local a decisão:
No canal em inglês da Al Jazeera, a emissora continuava veiculando imagens do Cairo e mantinha suas transmissões ao vivo com jornalistas na capital egípcia e na cidade de Suez. Mas, ao contrário de transmissões anteriores, a imagem dos jornalistas 'in loco' não aparece ao vivo. Em vez disso, são mostradas cenas de uma rua do Cairo próxima ao edifício da rede de rádio e televisão pública, protegida por tanques do Exército.
No canal em árabe, a rede não conseguiu entrar em contato com seus correspondentes depois da decisão, e começou a divulgar comentários de analistas e jornalistas independentes sobre a legitimidade da medida. Também está divulgando imagens da noite deste sábado. Segundo o apresentador do canal em árabe, os correspondentes da Al Jazeera no Cairo estão todos confinados no escritório do canal da emissora.
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Patrulhas civis
Na manhã deste domingo, a capital egípcia começa a recuperar seu ritmo com o fim do toque de recolher, vigente até as 8h (horário local, 4h de Brasília). Da mesma forma que este sábado, a polícia egípcia nao está nass ruas, e os pontos estratégicos do Cairo continuam custodiados pelo Exército, que também desdobrou unidades por diferentes bairros desta capital.
Durante a noite, a vigilância ficou a cargo de patrulhas civis armadas com paus e barras metálicas, cumprindo um apelo do Exército para que os civis participem para evitar ações de pilhagem. Pouco depois de terminar o toque de recolher, estes piquetes civis começaram a se retirar e se levantaram as barreiras instaladas em muitas ruas da capital para vigiar os acessos.
Cairo, Alexandria e Suez são as três cidades nas quais o toque de recolher rege desde sexta-feira passada, quando se intensificaram os protestos contra o regime de Hosni Mubarak, que explodiram na terça-feira passada.
Para hoje são esperados novos passos no plano político, já que está pendente a formação de um novo Governo, depois que Mubarak nomeou o general Ahmed Shafiq como novo primeiro-ministro, em substituição do civil Ahmed Nazif.
Além de Shafiq, Mubarak designou o também geral Omar Suleiman como vice-presidente da República, cargo vago desde que Mubarak chegou ao poder, em 1981, após o assassinato do presidente Anwar el-Sadat.
Grupos da oposição e manifestantes das ruas rejeitaram que estas nomeações seja a solução que se está esperando, e continuam pressionando para que Mubarak deixe o poder.
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