O governo dos Estados Unidos, por meio do Departamento de Segurança Interior, anunciou a expansão do programa que permite aos policiais regionais deter imigrantes em situação irregular.
Foram assinados acordos com 320 instituições policiais, que estão agora autorizadas a exercer funções de controle migratório. Por exemplo, verificando o status de pessoas capturadas por outros delitos, ou numa blitz de trânsito, por exemplo.
A mudança, implantada ontem (16), corresponde à ampliação de um programa criado em 2002, reforçado em 2006 e que no ano passado, permitiu a deportação de cerca de 60 mil pessoas, o maior número de detenções desde que começou ser aplicado.
Críticas
Grupos de defesa dos direitos civis dos Estados Unidos acreditam que o programa impõe implicitamente uma forma de racismo. Argumentam que contribui para a discriminação racial em áreas em que há população imigrante, sobretudo latino-americanos, onde a polícia pode estabelecer um controle de rua para fiscalizar a documentação no trânsito e outras infrações menores, mas com a intenção de pegar imigrantes ilegais.
“Quando a polícia tem um papel investigativo contra a imigração, o preconceito racial e a xenofobia contra aqueles que parecem estrangeiros ou mexicanos que estão sendo procurados cresce”, disse o diretor da Aliança das Comunidades da América Latina e Caribe, Oscar Chacon, em entrevista à BBC.
“Nós fomos os primeiros a mostrar para [o presidente Barack] Obama, em janeiro deste ano, a necessidade de desmantelar esses programas, porque acreditamos que contradizem o trabalho da polícia de garantir segurança para toda a comunidade”, pontuou Chacon.
De acordo com ele, colocar a polícia local para monitorar a imigração é um “desperdício de recursos” e “cria desconfiança entre a população”, além de dificultar a fiscalização de crimes cometidos nas ruas e nas comunidades.
Pedidos
No mês passado, a bancada latina no Congresso, a chamada Caucus Hispânico, enviou uma carta ao presidente Obama solicitando o fim do programa. A demanda não foi atendida, mas o Departamento de Segurança Interior assegurou que o governo tentará estabelecer novos controles para evitar abusos.
Por esse motivo, a expansão anunciada deixa de fora a polícia do condado de Maricopa, no estado do Arizona, dirigida por José Arpaio, frequentemente identificado na imprensa local como “o xerife mais durão” do país.
Arpaio é famoso pelos ataques contra imigrantes detidos, pelos trabalhos forçados e até mesmo por roupas coloridas e extravagantes (íntimas, inclusive) que os obriga a vestir. Ele criou uma “cadeia-acampamento”, composta por várias tendas de lona, cercadas por arame farpado e vigiadas por guardas, como numa prisão normal.
Ao saber que não poderia mais prender imigrantes ilegais, Arpaio assegurou que continuará “fazendo o que temos feito nos últimos três anos e meio” e não precisa de autoridade federal para isso.
Fiscalização
As autoridades federais concluíram que Arpaio não estava executando o programa “de uma forma condizente com nossa política de reforço da lei”, informou o jornal The Washington Post, citando uma fonte não identificada do Departamento de Segurança Interior.
“Obviamente, eles não gostam do que eu estou fazendo. Por isso tiraram minha autoridade policial. Mas sem problemas, isso não me incomoda, vou continuar prendendo todos os imigrantes [sem documentação]”, disse Arpaio em entrevista à CNN.
Segundo dados da polícia de Maricopa, durante o prazo de vigência do programa, foram detidos para deportação cerca de 33 mil imigrantes, o que corresponde a 20% do total do país.
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