O presidente interino, Michel Temer, aproveitou-se da situação política do país para mudar a estratégia diplomática brasileira. É o que afirma o artigo “Virada na política brasileira testa a solidez dos Brics”, publicado na agência de notícias estatal chinesa Xinhua na terça-feira (14/06).
Agência Efe
Presidente interino MIchel Temer aproveitou momento de crise do país para mudar política externa brasileira, diz agência chinesa
O texto diz que a solidez dos Brics (bloco formado por Brasil, Rússia, a Índia, a China e a África do Sul) tem sido testada devido à recessão econômica de alguns seus membros e pela “incerteza política” vivida no Brasil.
De acordo com o artigo, analistas chineses acreditam que o Brasil “pode se tornar um peso-pesado ocidental para contrabalançar a influência dos Brics nos fóruns de governança global e dessa forma minar a eficácia dos mecanismos do grupo”.
O texto indica que desde a criação do bloco, em 2009, o país sempre valorizou suas relações com as nações que o compõem, “uma escolha que o governo interino parece não ter intenção de manter”.
Em seu primeiro discurso como chanceler interino, lembra a agência, José Serra afirmou que daria prioridade ao estreitamento de relações bilaterais com Argentina e México na América Latina e daria prioridade ao retorno das relações com parceiros “tradicionais” como Europa e Estados Unidos.
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Sobre os Brics, Serra declarou que o país buscará oportunidades oferecidas pelo bloco, “tendo comércio e os investimentos mútuos como principais objetivos”.
O texto comenta o fato de primeiro-ministro não utilizar os temos “prioridade” e “cooperação estratégica”, que costumavam ser usados por Dilma.
O artigo traz também a opinião do director-executivo do Centro de Pesquisa do Brasil, da Academia de Ciências Sociais da China, que afirma que, ao contrário da prioridade dada pelo governo Dilma aos países em desenvolvimento, o governo de Michel Temer busca estabelecer “um novo equilíbrio entre países desenvolvidos e em desenvolvimento”.
“Mais especificamente, Temer tentará fortalecer a relação com os Estados Unidos e Europa a fim de que estes reconheçam a legitimidade do governo interino, e, para tanto, será forçado a manter distância dos membros dos Brics para evitar desagradar Washington”, diz o texto.
Segundo Zhou, independente do desfecho, a crise brasileira poderia causar um retrocesso na política externa do Brasil e afetar a dedicação do país ao bloco em curto prazo.
Já o diretor do Centro de Estudos do Brics da Universidade Fudan, na China, Shen Yi, afirmou que o grupo atualmente vai além de seu conceito original (criado pelo economista Jim O'Neill em 2001 pra designar as economias emergentes) e tornou-se uma plataforma utilizada por nações emergentes “para buscar mais voz no sistema econômico internacional”.