O secretário de Estado dos Estados Unidos, Rex Tillerson, afirmou nesta quinta-feira (06/04) que o governo de Donald Trump estuda uma “resposta apropriada” a Bashar al Assad, presidente da Síria, pelo suposto ataque químico que deixou mais de 70 mortos na província de Idlib na terça-feira (04/04).
Tillerson disse que Washington “não tem dúvidas” de que o governo sírio é o responsável pelo incidente, que o futuro de Assad é “incerto” e que, dado os recentes acontecimentos no país, ele não deveria ter nenhum papel no governo – o que explicita uma mudança na postura da administração Trump menos de uma semana depois de o secretário de Estado norte-americano afirmar que o futuro de Assad “deveria ser decidido pelo povo sírio”.
Países como EUA, Reino Unido e França acusam o governo Assad de usar armas químicas contra civis em um bombardeio na cidade de Khan Sheikhoun na última terça-feira. Damasco nega as acusações e sustenta que seu exército não tem armas químicas, visto que “a Síria aderiu à Organização para a Proibição das Armas Químicas em 2013 e cumpriu com todas suas obrigações com a convenção para a proibição de armas químicas”.
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O secretário de Estado dos EUA, Rex Tillerson, durante pronunciamento sobre possível 'resposta' de Washington a Damasco
A Rússia, aliada de Assad na luta contra grupos terroristas e milícias opositoras armadas no país, afirmou na quarta-feira (05/04) que a aviação síria bombardeou um depósito de armas dos terroristas do Estado Islâmico e da Frente Al Nusra que abrigava uma oficina para a produção de armas tóxicas destinadas ao Iraque. O gás teria então atingido civis nos arredores.
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Secretary Tillerson comments on #Syria crisis, recent chemical weapons attack pic.twitter.com/3EAVgum1ft
— Department of State (@StateDept) 6 de abril de 2017
Tillerson afirmou que o governo dos EUA está dando “passos” para organizar uma coalizão que promova uma mudança à frente do governo sírio. “O papel de Assad no futuro é incerto claramente, e com as ações que empreendeu, não haverá papel para ele governar o povo sírio”, indicou o secretário de Estado norte-americano.
“O processo pelo qual Assad sairia é algo que acredito que requer um esforço da comunidade internacional, primeiro com a derrota do Estado Islâmico para estabilizar o país sírio, para evitar mais guerra civil”, afirmou.
Tillerson também alertou a Rússia para “considerar cuidadosamente seu apoio a Bashar al Assad”.
O Kremlin, por sua vez, afirmou nesta quinta-feira (06/04) que seu apoio ao governo sírio “não é incondicional” e que Moscou não pode direcionar as ações de Damasco.
Em entrevista à agência de notícias AP, Dmitry Peskov, porta-voz do governo russo, disse que Moscou e Damasco têm “uma relação de cooperação, troca de ideias e total apoio mútuo”, mas ressaltou que “apoio incondicional não é possível no mundo atual” e que “não é correto dizer que Moscou pode convencer Assad a fazer o que Moscou quiser”.
Peskov também qualificou como “monstruoso” o ataque químico realizado no norte da Síria, mas considerou pouco objetivas as acusações dos Estados Unidos que a responsabilidade seja do governo de Bashar al Assad.
“Efetivamente, este é um crime muito perigoso e monstruoso”, disse Dmitri Peskov, porta-voz do Kremlin, considerando “inadmissível” o uso de armas químicas na Síria.
Ao mesmo tempo, pediu aos EUA para não tirar conclusões precipitadas sobre a autoria do ataque que, segundo o Kremlin, beneficiaria principalmente os inimigos do governo legítimo na Síria e os terroristas.
*Com Agência Efe