Em 9 de março de 1916, o lendário revolucionário mexicano Pancho Villa, com algumas centenas de seus melhores guerreiros, invadiu o território dos Estados Unidos para uma incursão dentro das operações táticas da Revolução Mexicana (1910-1920).
Por que Pancho Villa decidiu dar esse golpe nos EUA? Em 19 de outubro de 1915, o presidente norte-americano Theodore Roosevelt reconheceu Venustiano Carranza, contra quem Emiliano Zapata e Pancho Villa lutavam no México, como chefe do governo de facto e proíbe o fornecimento de armas aos seus opositores. Villa estava convencido de que a decisão de Washington estava relacionada com um pacto secreto que virtualmente entregava parte do território mexicano.
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Villa tinha dissolvido sua famosa Divisão do Norte em abril de 1915. Apesar disso, reúne-se em 23 de dezembro com seus generais: “Estamos convencidos de que o inimigo comum para o México é atualmente os Estados Unidos”.
Em fevereiro, depois que um destacamento de villistas emboscou e fuzilou 19 norte-americanos que viajavam de trem em Santa Isabel, começa a formar uma coluna com o propósito de atacar os Estados Unidos. Seleciona homens bem armados, com bons cavalos e 150 balas cada um. Reúne seu estado maior e por fim lhes comunica seu objetivo: Columbus, no Novo México, um povoado de uns mil habitantes com guarnição militar. Extrema a vigilância para impedir qualquer deserção e muda de rota para iludir.
Ao cair da tarde de 8 de março de 1916 a coluna saiu da fazenda de Boca Grande rumo ao oriente a fim de desconcertar aos que pudessem tê-los visto e ao escurecer retomou em direção ao norte. Ia à frente de 573 homens, entraram em duas colunas na madrugada de 9 aos gritos de “Viva Villa!”, “Viva México!”, “ianques filhos da puta!”. Ao amanhecer, trava-se um enorme tiroteio que deixa numerosos mortos de lado a lado, porém muito mais villistas.
Ao final da campanha de Columbus, que acabou envolvendo uma ampla região e enormes contingentes de ambos os lados, pôde-se contar 4.837 mortos e 5 mil prisioneiros das tropas federais norte-americanas, contra uns 500 mortos villistas. Ao cabo da campanha, Villa se faz governador e dita decretos de expropriação de algumas propriedades e de vastas terras, perto de 7 milhões de hectares, que reparte entre viúvas e órfãos da revolução e aos antigos proprietários mexicanos arrebatados de suas terras. Villa explicou que a oligarquia mexicana se prestou a comprar traidores e assassinar mandatários. Além do mais criou 60 escolas e obrigou a baixar os preços de produtos de necessidade.
A imprensa norte-americana se manifestou. O The Sun qualificou a situação como “um socialismo sob um déspota”. Por essa época chega ao local o jornalista norte-americano John Reed, o dos “Dez Dias que Abalaram o Mundo”, e o poeta José Santos Chocano, que o canta como “o divino bandoleiro”.
Pouco depois chegaram os maus tempos. Pancho Villa era um chefe revolucionário derrotado, inexistente sua famosa Divisão do Norte, seguido apenas pelos mais leais.
O presidente Woodrow Wilson ordena procurar Villa vivo ou morto. Em 14 de março sai uma expedição do exército norte-americano com o fim de persegui-lo, capturá-lo e aniquilá-lo. À frente ia o general John Pershing, quem mais tarde seria o chefe da força expedicionária dos Estados Unidos na Europa na Primeira Guerra Mundial. A cada momento se difundia a morte de Villa. O The New York Herald estampou em junho de 1916 a manchete: “Morreu Villa. Viva Pershing”.
Anos depois, em 28 de Julho de 1920, Villa depõe as armas. Em abril de 1923, um grupo de poderosos procurou um obscuro personagem, Melitón Lozoya, que odiava a Villa, para que organizasse seu assassinato. Em 19 de julho saía Villa de um lugarejo viajando num Dodge com 4 escoltas. Os pistoleiros o aguardavam em um ponto da estrada, o viram passar mas optaram por esperar que regressasse. Naquela noite Villa dormiu na casa de uma amante. Na manhã do dia seguinte depois de andar algumas centenas de metros, ouvem-se as primeiras rajadas de metralhadora e durante vários minutos ocorre um nutrido tiroteio.
*Com informações de Eleazar Díaz Rangel no jornal venezuelano Últimas Noticias.
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