O porta-voz do governo dos Estados Unidos, Sean Spicer, disse nesta quinta-feira (26/01) que a opção de taxar produtos mexicanos como uma forma de financiar o muro na fronteira entre os dois países é apenas “uma ideia”, e não uma proposta real. Cerca de duas horas antes, o porta-voz havia anunciado que um imposto de 20% sobre produtos importados do México poderia ser criado para pagar pela construção do muro.
“Nós fomos questionados uma e outra vez: 'Como vocês poderiam fazer isso? O México não vai pagar por isso’”, disse Spicer. “Aqui está uma maneira. Poderíamos decidir tomar outro caminho. Poderíamos falar sobre tarifas. Poderíamos falar sobre outras taxas alfandegárias. Há outras cem possibilidades”, afirmou o porta-voz da Casa Branca.
“A ideia é mostrar que a geração de receita para o muro não é tão difícil como alguns têm sugerido”, disse Spicer. Reince Priebus, chefe de gabinete do presidente Donald Trump, também afirmou que o governo está considerando um “buffet” de opções.
Spicer mencionou que os Estados Unidos têm um déficit comercial com o México, e citou como exemplo o número de US$ 50 bilhões para explicar que, se for aplicado esse imposto de 20% sobre essa quantia, seriam obtidos US$ 10 bilhões ao ano e se pagaria “facilmente o muro apenas através desse mecanismo”.
Os líderes republicanos Mitch McConnell, do Senado, e Paul Ryan, da Câmara dos Representantes, divulgaram nesta quinta-feira em entre US$ 12 bilhões e US$ 15 bilhões o custo de erguer um muro nos quase 2.000 quilômetros que ainda precisariam ser cercados na fronteira. O grupo de pesquisas Bernstein Research, no entanto avaliou que a conta total se situaria entre US$ 15 bilhões e US$ 25 bilhões.
Agência Efe
Sean Spicer, porta-voz da Casa Branca: imposto sobre produtos mexicanos é apenas 'uma ideia'
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Videgaray respondeu em entrevista coletiva na embaixada mexicana em Washington que “um imposto sobre as importações dos Estados Unidos a produtos mexicanos não é a maneira de fazer que o México pague pelo muro, mas sim o consumidor norte-americano, que pagaria mais caros por abacates, lavadoras ou televisões.”
México 'se aproveita' dos EUA, diz Trump
Nesta sexta-feira (27/01), o presidente Trump declarou no Twitter que “o México tem se aproveitado dos Estados Unidos por tempo o suficiente. Massivos déficits comerciais e pouca ajuda na fraca fronteira devem mudar agora”.
Mexico has taken advantage of the U.S. for long enough. Massive trade deficits & little help on the very weak border must change, NOW!
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) 27 de janeiro de 2017
O déficit comercial dos EUA com o México é de US$ 60 bilhões anuais e as importações de produtos mexicanos custam aos Estados Unidos cerca de US$ 295 bilhões ao ano no total, o que geraria cerca de US$ 12 bilhões caso uma taxa de 20% fosse aplicada.
O Congresso, liderado pelos republicanos tanto no Senado quanto na Câmara dos Representantes, está estudando a possibilidade de uma reforma na legislação tributária corporativa para diminuir o déficit comercial com outros países.
O líder republicano na Câmara dos Representantes, Paul Ryan, defende um imposto de ajuste fronteiriço, que mudaria a forma como empresas norte-americanas são taxadas com base em suas importações e exportações e “eliminaria incentivos criados pelo sistema tributário atual para mover ou localizar operações fora dos Estados Unidos”, segundo o texto do projeto de reforma defendido por Ryan.
Apesar de Trump ter considerado a ideia “muito complicada” anteriormente, a referência de Spicer a uma taxa de 20% sobre produtos importados do México foi recebida por deputados republicanos como uma indicação de que o projeto de Ryan possa ser uma das principais opções do governo dos EUA para combater o déficit comercial.