Os líderes de várias organizações muçulmanas nos
Estados Unidos anunciaram nesta segunda-feira (20/9), em Nova York, a criação da
“semana nacional para o diálogo”, uma iniciativa que será realizada
em outubro e com a qual pretendem criar pontes de comunicação com membros de
outras religiões.
De 22 a
24 de outubro, todas as mesquitas espalhadas pelos EUA ficarão com as portas
abertas para acolher pessoas de outras religiões que queiram se aproximar dos
templos e ver como a comunidade muçulmana vive o Islã.
O anúncio foi feito por representantes de um conjunto de organizações
muçulmanas que se reuniram durante vários dias em Nova York para tratar do
crescente sentimento contrário aos muçulmanos nos Estados Unidos depois da
polêmica sobre o centro islâmico que deve ser construído perto do Marco Zero,
em Manhattan.
“É nossa esperança e desejo que esta semana sirva para dissipar as tensões
na sociedade causadas por essa polêmica e para construir pontes de entendimento
que unam e reforcem nossa nação”, disse o imame Al-Amim Latif, do Conselho
de Liderança Islâmico.
Os líderes muçulmanos analisaram, no último fim de semana, uma resposta
conjunta frente à polêmica suscitada em Nova York e em todo os EUA em relação ao projeto
da Casa de Córdoba, um centro cultural islâmico também conhecido como Park51,
que ocupará um edifício inteiro em Manhattan a duas quadras do Marco Zero.
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Essa proximidade criou polêmica no país, especialmente em Nova York, onde
detratores e defensores do projeto protagonizaram várias manifestações que
evidenciaram a divisão de opinião sobre o assunto e que fizeram com que alguns
líderes muçulmanos falassem de assédio a religião.
Os líderes religiosos e comunitários muçulmanos, que também se reuniram com o
promotor do projeto, o empresário Sharif El-Gamal, mostraram seu respaldo e
defenderam o direito de todos a construir templos nos EUA, um país cuja
Constituição reconhece a liberdade de credo.
“O Park51 não é nossa causa. Achamos que toda a nação se viu envolvida em
um caso de desinformação e má interpretação. Houve uma campanha contra o
projeto que achamos desnecessária e injusta”, disse no mesmo cerimônia o
diretor do Conselho de Relações Norte-americano-Islâmicas (Cai, na sigla em
inglês), Nihad Awad.
O projeto da Casa de Córdoba contará com uma mesquita, além de oratórios para
cristãos e judeus, e conterá um centro comunitário com piscina, salas de
exposições, salas de aula educativas, um restaurante e uma escola de culinária,
assim como um espaço em memória das vítimas dos atentados de 11 de setembro de
2001.
Os líderes muçulmanos leram um comunicado no qual defenderam “o direito
constitucional dos norte-americanos de todas as religiões a construir templos
de culto em qualquer lugar do país enquanto for permitido por lei”.
“Além disso, estamos contra o racismo, o ódio e a intolerância religiosa e
étnica dirigida contra o Islã e os norte-americanos muçulmanos”,
acrescentaram os líderes religiosos e comunitários.
Na opinião dos líderes, também seria conveniente que muçulmanos praticantes se
aproximassem de centros religiosos de outras religiões para assistir às
cerimônias e ampliar o entendimento entre os norte-americanos de diferentes
credos.
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