A organização PPS (Sociedade de Presos Palestinos) afirmou nesta quinta-feira (04/08) que mais de 300 presos palestinos em cárceres israelenses estão em greve de fome em protesto contra prisões arbitrárias e políticas carcerárias repressivas de Israel.
Segundo a PPS, 285 presos ligados ao movimento palestino Hamas recusam-se a receber alimentos nas prisões de Eshel e Nafha, no sul dos territórios palestinos ocupados. Eles protestam contra a determinação do IPS (Serviço Prisional de Israel) de transferir presos para detenções espalhadas pelo país.
Flickr/Joe Catron
Protesto em Nova York, nos Estados Unidos, pede liberação de Bilal Keyed
Uma fonte palestina disse ao jornal Times of Israel que os presos protestam também contra revistas vexatórias.
Já outros 40 detentos de diferentes unidades prisionais aderiram ao movimento em solidariedade ao prisioneiro Bilal Kayed, militante da FPLP (Frente Popular Pela libertação da Palestina), que está em greve de fome há 52 dias.
Kayed foi preso em 2002 e passou 14 anos e meio em detenções israelenses. Em 13 de junho deste ano, data prevista para sua soltura, Tel Aviv decidiu estender seu período no cárcere por mais seis meses. Kayed foi colocado sob “prisão administrativa”, quando não há acusação formal ou julgamento.
Em protesto contra a medida, Kayed iniciou uma greve de fome e se recusa também a receber tratamento médico invasivo.
O advogado Farah Bayadsi, do grupo de direitos humanos Addameer, disse à emissora Al Jazeera que a Corte Militar de Israel negou, na semana passada, um recurso para a liberação de Kayed. A justificativa foi de que a soltura do palestino representaria uma “ameaça à segurança” israelense.
De acordo com o advogado, a saúde de Kayed se deteriorou nos últimos dias, e ele vem sofrendo com dores de cabeça, fraqueza e dores no peito, entre outros sintomas. Apesar de suas condições, ele continua atado à cama do hospital para onde foi levado.
NULL
NULL
Dentre os presos que se juntaram ao movimento em apoio a Kayed estão o secretário-geral da FPLP, Ahmad Sa'adat, condenado a 30 anos de prisão, e o artista circense Mohammed Abu Sakha, em prisão administrativa desde dezembro.
Segundo o site Palestine Chronicle, a resposta do governo israelense ao movimento tem sido o endurecimento do tratamento nas unidades prisionais, como apreensão de bens materiais, transferência dos detidos para celas solitárias e revistas “humilhantes”.
Prisões administrativas são permitidas pela lei internacional em situações especiais em casos de estado de emergência. Entretanto, segundo a Addameer, Israel usa a prática de forma indiscriminada e como “ferramenta de opressão” contra o povo palestino.
Na terça-feira (02/08), Hana Herbst, do Serviço Prisional de Israel, negou à Al Jazeera que haja uma greve de fome em massa. Segundo ela, “os poucos” prisioneiros em greve de fome naquele momento eram tratados com “privação de privilégios, como o IPS lida com quaisquer outras violações de disciplina de prisioneiros”.
A PPS diz que há registros de mais de 6.500 palestinos em prisões israelenses, dos quais centenas estão sob prisão administrativa.