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General Mohammed Khalouf, responsável logístico do Exército sírio, deserta e se une à lista de ex-oficiais opositores a Assad
O general do exército da Síria, Mohammed Nour Izz al-din Khalouf, desertou do regime de Bashar al Assad com a ajuda dos rebeldes, informou ele mesmo em entrevista à emissora de televisão dos EAU (Emirados Árabes Unidos) Al Arabiya.
Khalouf era chefe logístico e de suprimentos das Forças Armadas e explicou em vídeo postado no Youtube que sua deserção para a Jordânia foi planejada há muito tempo com distintas facções de insurgência síria. O anúncio acontece um dia após o general Salim Idris, que desertou em junho e se tornou o líder do comando unificado do ELS (Exército Livre Sírio), ter clamado que oficiais do Exército troquem de lado.
Khalouf disse que o regime de Damasco não permite que os dirigentes “civis ou militares expressem sua opinião, nem sequer proponham ideias, mesmo que sejam construtivas”.
O general lamentou o apoio da Rússia e do Irã a Assad e ressaltou que há sírios que temem mais o grupo xiita libanês Hezbollah, aliado de Damasco, que o próprio regime. Segundo o general, o Hezbollah luta em diferentes pontos do território sírio.
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Vários cargos políticos e militares se uniram aos rebeldes desde o começo do levantamento na Síria em março de 2011. Os mais importantes foram o do porta-voz do Ministerio das Relações Exteriores Jihad Maqdesi em dezembro passado e o primeiro-ministro Riyad Hijab, em agosto. Em julho, foi a vez do general-de-brigada Manaf Tlas, oficial da Guarda Republicana, pertencente ao círculo mais próximo do presidente Assad.
Desde o início do conflito, dúzias de oficiais seniores do Exército, incluindo 40 generais, desertaram para a Turquia. Autoridades turcas se recusaram a detalhar o número de desertores, que normalmente se unem ao ELS. A Al Jazeera mantém um registro de deserções que pode ser acessado aqui.
O Observatório Sírio de Direitos Humanos reportou que vinte soldados saíram de seus postos para território da oposição perto da cidade de Palmyra, onde estão acontecendo bombardeios e tiroteios há dois dias.
O New York Times traz que, apesar dos chamados para deserções, não foram relatados movimentos em massa ou de posições indispensáveis do Exército nesse sentido. Ativistas antigoverno disseram que a alta hierarquia de Khalou se destacou entre os desertores, mas sua saída não significaria muito para o Exército, uma vez que poderia ser substituído facilmente.
Em contraposição, o governo de Assad pediu que nações emergentes ajudem a terminar o conflito, salientando as intervenções militares do Ocidente. O chamado político veio por carta de Bouthaina Shaaban, conselheiro do presidente, destinada ao presidente da África do Sul, onde será realizado na próxima semana um encontro dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).
Além disso, o regime de Assad aumentou o uso de bombas de fragmentação, geralmente proibidas pois as que não explodem no impacto costumam ferir civis que as acham posteriormente. Segundo a Human Rights Watch, nos últimos seis meses, o governo jogou 156 bombas desse tipo em 119 locais – das quais as últimas duas feriram duas mulheres, cinco crianças e mais quatro civis.
O conflito se disseminou para a maior parte do país, salvo um forte na costa mediterrânea em uma região de população majoritariamente alauíta, representantes de 12% do povo sírio. No golpe de estado de 1970, o pais de Bashar, Hafez Al Assad, consolidou o poder dos alauítas sobre a maiora muçulmana sunita do país.
* Com informações de Efe, Al Jazeera, New York Times e Reuters