Atualizada às 10h02
O desalojamento de uma mobilização de professores para pedir o pagamento de salários e pensões em Acapulco, no estado de Guerrero, no México, deixou o saldo de um morto e dezenas de feridos nesta quarta-feira (25/02). O ocorrido ganhou ainda mais importância no país devido ao fato de que estão sendo convocadas marchas em todo o México nesta quinta-feira (26/02), quando o desaparecimento dos 43 estudantes de Ayotzinapa completa cinco meses.
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Agência Efe
Professores prometeram novas mobilizações após dispersão realizada pela polícia
A ação policial para encerrar o protesto foi realizada na terça-feira (24/02) e resultou na detenção de 106 professores, dos quais sete seguem em privação de liberdade. Ontem, os professores voltaram às ruas para se manifestar contra a forma violenta com que ocorreu a ação e declararam resistência civil e desobediência. Os docentes também anunciaram a radicalização das jornadas, com o apoio dos sindicatos de Oaxaca, Chiapas e Michoacán. Nesta quinta (26/02), cerca de dois mil manifestantes realizaram bloquearam a estrada que comunica a Cidade do México com o porto de Acapulco em protesto pela morte do companheiro.
As circunstâncias em que ocorreu a morte do professor aposentado Claudio Castillo Peña, de 65 anos, nesta quarta (25/02), não foram esclarecidas até o momento. As versões oficiais e dos manifestantes são contraditórias. Enquanto o governo estatal afirma que Peña foi vítima fatal de um atropelamento, professores da Ceteg (Coordenadoria Estatal de Trabalhadores de Educação de Guerrero) argumentam que a vítima estava a bordo de uma caminhonete e não podia caminhar, nem agredir ninguém. Os docentes defendem que ele foi alvo de golpes desferidos por policiais federais.
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“Condenamos as ações que o governo está travando, particularmente no estado de Guerrero, com a intenção de calar o protesto social. Fazemos um chamado às organizações para estarem firmes e preparadas porque esta é uma estratégia do Estado para desestabilizar a mobilização para exigir o aparecimento dos estudantes”, afirmou Juan José Ortega Madrigal, dirigente da seção sindical de Michoacán.
Agência Efe
Professores bloquearam quatro estradas nesta quarta (25/02), em protesto
Cinco meses do desaparecimento
Nesta quinta-feira (26/02), o desaparecimento dos 43 estudantes da escola de Ayotzinapa completa cinco meses. No episódio, outras seis pessoas foram assassinadas após ação realizada para impedir que os jovens supostamente impedissem um ato da ex-primeira-dama de Iguala.
Os pais dos jovens afirmam que o governo pretende realizar um “tapetaço” para impedir que seja descoberta a verdade a respeito do paradeiro dos estudantes. O advogado dos pais, Vidulfo Rosales Sierra, voltou a pedir ajuda internacional para pressionar o governo mexicano a seguir com as buscas.
Relato de um dos sobreviventes de 26 de setembro:
“Frente a cinco meses de desaparecimento, há um estancamento das investigações. A Procuradoria Geral da República com sua verdade histórica inexistente, parou a busca, as investigações. Estamos preocupados porque não há elementos para estabelecer que os jovens foram queimados no lixão de Cocula, esta hipótese é pobre em provas”, sustentou Rosales ao justificar que tal versão não conta com provas genéticas de DNA.