Embora 2014 tenha tido menos guerras em relação aos últimos anos, essa redução não se traduziu em uma diminuição de mortes. É o que conclui o primeiro relatório sobre conflitos armados, produzido pelo IISS (Instituto Internacional de Estudos Estratégicos) e divulgado nesta quarta-feira (20/05).
EFE/ arquivo
Foto datada de outubro de 2012 mostra membros do Exército Livre da Síria, grupo de oposição contra Assad
Segundo o órgão sediado em Londres, 2014 foi palco de 42 conflitos armados (entre guerras civis e outros tipos de violência) ao redor do mundo. Embora seja uma quantidade elevada, o número representa uma queda progressiva em relação aos anos anteriores. Em 2012, houve 51 guerras; em 2010, 55; e, em 2008, 63 conflitos armados.
Por outro lado, enquanto 56 mil pessoas perderam as vidas em virtude desse tipo de violência em 2008, ao menos 180 mil morreram pelas mesmas causas no ano passado. De acordo com o estudo, o principal país responsável por esse aumento de mortes é a Síria, que teve pelo menos 70 mil mortos somente em 2014.
Em guerra civil há mais de quatro anos, a nação controlada por Bashar al-Assad está em primeiro lugar no ranking de fatalidades registradas no ano passado pelo relatório. Em segundo está o Iraque, cenário de conflitos sectários há anos, mas que presenciou uma escalada de violência após o grupo sunita extremista Estado Islâmico declarar a instauração de um califado na região. Em terceiro lugar está o México, palco de guerrilhas de narcotráfico.
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“O número de conflitos armados cai progressivamente desde o lançamento de nosso banco de dados e isso é algo para comemorar, claro. Mas essa queda foi mais do que compensada pelo inexorável aumento na intensidade da violência desses conflitos”, argumentou o IISS em documento.
Desde 2003, o instituto britânico monitora e investiga as tendências de conflitos armados, com foco nas implicações da segurança humana, trazendo também análises das dimensões políticas, militares e humanitárias dessas guerras, como ferramenta para governos, forças armadas, universidades, ONGs e imprensa internacional.
Para os responsáveis pelo relatório, o panorama de 2014 é misto. “Alguns conflitos intratáveis, como Colômbia, Filipinas, parecem caminhar para uma resolução. Em outros casos, como o Afeganistão, há alguns sinais tentadores de esperança de melhoria, apesar de a violência continuar inabalável”, dizem.
EFE/arquivo
Com expansão do Estado Islâmico, crianças sírias e curdas cruzam fronteira para se refugiar na Turquia, em setembro passado
No entanto, o órgão acredita que o fenômeno do jihadismo proporcionou um “poderoso acelerador” de tensões já presentes em países árabes, marcados por uma instabilidade crônica, proveniente de constantes ocupações de potências ocidentais e de crises étnicas e religiosas.
Para a instituição, a intervenção humanitária feita por nações ocidentais está fraca e só melhorará se houver um distanciamento progressivo das memórias dos tempos do Afeganistão e do Iraque ou se as atuais potências emergentes descobrirem entusiasmo para tais atividades.