Um dos setores mais afetados pelo novo pacote de sanções aplicado contra o Irã foi o da saúde. Impedidas de realizar transações internacionais, organizações de saúde não conseguem comprar remédios e equipamentos. Por esta razão, diariamente, milhares de pessoas que sofrem de doenças crônicas ou emergenciais encontram dificuldade em obter atendimento médico adequado – o que em alguns casos, pode lhes custar a vida.
Divulgação
Fatemeh Hashemi, filha do político iraniano e opositor Ali Akbar Hashemi Rafsanjani e diretora de fundação de caridade que lida com 6 milhões de pacientes, conta que pessoas com câncer, hemofilia, diabetes, esclerose múltipla e outros tipos de doenças não conseguem encontrar os remédios necessários no mercado iraniano e nem importá-los. Segundo a ativista, milhares de vidas correm risco.
É o caso da filha de quatro anos de Mozhgan Elmipour, que precisava de uma cirurgia emergencial no esôfago. Sem possibilidade de tratamento em seu país, a garota foi levada pelos pais para o Reino Unido. “Os hospitais iranianos têm muitas dificuldades por conta das sanções e nem todo mundo tem a sorte da minha filha, de ter condições financeiras de vir pra cá”, contou sua mãe ao jornal britânico Guardian.
Os iranianos encontram dificuldades não apenas na importação de medicamentos, mas também em sua própria produção. Cerca de 97% dos remédios consumidos no país são de produção doméstica, mas as indústrias dependem de matérias-primas importadas. Além da alta dos preços derivada da inflação e desvalorização do rial, muitas vezes, os fabricantes não conseguem estabelecer a transação financeira por conta das sanções.
“Como resultado, a escassez de medicamentos logo pode se tornar uma catástrofe, se isso não for resolvido. Eu verifiquei, pessoalmente, a escassez, pois dois de meus cunhados são donos de grandes farmácias e confirmaram que a crise está atingindo níveis perigosos”, conta Sahimi em artigo. O analista cita médicos e especialistas de saúde do país que falam em um possível ‘tsunami do câncer’ por conta da gravidade da situação.
NULL
NULL
Até o secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, se juntou aos apelos por uma mudança na política dos EUA e seus aliados. Em setembro de 2012, Ki-Moon divulgou um relatório no qual denuncia: “As sanções têm impacto significante na vida da população em geral, incluindo aumento na inflação, no preço de commodities e energia, no desemprego”.
Os atuais candidatos à presidência também criticaram o embargo e garantiram aos eleitores que a inflação e o desemprego são os principais objetivos de um possível mandato. Apesar disso, nenhum dos sete políticos explicou concretamente suas propostas. “A não ser que a disputa sobre o programa nuclear seja resolvida, o problema econômico irá persistir”, explica a Opera Mundi o professor Mohamed Sahimi.