O partido governista sul-africano Congresso Nacional Africano (CNA) anunciou nesta sexta-feira (14/06) que conformará uma coalizão com a sigla Aliança Democrática (AD), para a composição de um novo governo na África do Sul.
O acordo deve significar a reeleição de Cyril Ramaphosa como presidente, mas gerou forte polêmica na opinião pública, já que significaria que o CNA, partido de esquerda criado pelo histórico líder anti apartheid Nelson Mandela, estaria em uma aliança com uma legenda de direita conhecida por representar a minoria branca descendente dos colonizadores do país.
O CNA chegou ao poder em 1994, justamente com a eleição de Mandela, e venceu todos os pleitos posteriores, sempre obtendo maioria absoluta – ou seja, conquistando mais de 50% das vagas no parlamento.
Este tabu caiu parcialmente nas eleições realizados em maio deste ano: o CNA conseguiu a vitória, mas com um percentual de 40,9% dos votos. Isso obrigou o partido a conformar um governo de coalizão com outros setores para alcançar maioria no Legislativo local.
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Cyril Ramaphosa deve assumir novo mandato de cinco anos como presidente da África do Sul
Curiosamente, o setor escolhido foi o da AD, identificado com a minoria branca sul-africana e defensor de políticas liberais e de direita. O partido teve 21,8% sob a liderança de John Steenhuisen.
Outra peculiaridade dessa decisão é o fato de que o CNA tinha duas outras opções para formar essa coalizão, que significariam tensões, já que são dois partidos dissidentes do próprio CNA: o uMkhonto we Sizwe (MK, por sua sigla em idioma zulu), de centro-esquerda, que ficou com 14,9% e o Lutadores pela Liberdade Econômica (LLE), de esquerda radical marxista-leninista, que obteve 9,5%.
Como os mandatos na África do Sul duram cinco anos, este novo período de Ramaphosa do poder deve se estender até o ano de 2029.