Kenji Fujimori, o filho mais novo do ex-ditador peruano Alberto Fujimori, foi expulso nesta terça-feira (30/01), por unanimidade, do partido Força Popular, devido a discordâncias internas com a líder do Comitê de Disciplina e sua irmã, Keiko Fujimori.
Em dezembro do ano passado, o Congresso do Peru votou (e rejeitou) um impeachment do atual presidente do país, Pedro Pablo Kuczynski (PPK), acusado de fazer parte de um esquema de propina envolvendo a construtora brasileira Odebrecht.
Keiko vinha endurecendo suas críticas ao presidente desde que perdeu as eleições presidenciais para o próprio PPK. A recomendação dentro do partido era a de que todos votassem a favor do impedimento do atual presidente. No entanto, e de forma decisiva, a parte ligada ao seu irmão votou contra a cassação de PPK.
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Congressista e filho de Alberto Fujimori tinha um processo disciplinar aberto dentro do partido por ter votado contra impedimento do presidente do Peru, Pedro Pablo Kuczynski
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O congresso peruano precisava de 87 votos para destituir PPK, mas deu 79 votos favoráveis à cassação, 19 contra, e 22 abstenções. Dessas 22, dez vieram do Fuerza Popular a partir de uma articulação feita por Kenji, acentuando as diferenças entre os irmãos. O Fuerza Popular tem maioria no Parlamento.
Segundo a imprensa, a articulação de Kenji foi uma tentativa de receber do presidente, como retribuição, um indulto ao pai, acusado de crimes contra a humanidade durante seu mandato. Quatro dias após o Congresso rejeitar o pedido de impeachment, PPK anunciou que daria o indulto humanitário a Fujimori, contrariando pedidos de diversas organizações de direitos humanos.
Diversas manifestações aconteceram no Peru após a medida anunciada pelo presidente. Sob o lema “o indulto é um insulto”, passeatas pediram a anulação do perdão.
Disputas
As disputas no partido se iniciaram em 2016, quando Keiko foi escolhida para concorrer às eleições presidenciais do Peru. Durante sua campanha, Keiko tentou se afastar da imagem do pai, chegando a reiterar que, caso chegasse ao poder, não iria intervir a favor de Fujimori, então condenado a 25 anos de prisão por crimes de lesa-humanidade.
Kenji, por outro lado, sempre fez parte do lado “albertista” do fujimorismo, representando o setor mais duro do grupo, em uma tentativa de manter o legado do pai e não reconhecendo os crimes cometidos durante seu governo (1990-2000).
Outro capítulo do embate no interior do partido se iniciou quando Keiko também foi acusada de envolvimento no esquema de corrupção com a Odebrecht e com a LVF Liberty Institute. Ela é acusada de recebimento de dinheiro e corre o risco de ter o mandato cassado caso a denúncia se confirme.