A polícia da Turquia deteve 21 intelectuais nesta sexta-feira (15/01) por assinarem um manifesto em que pediam a paz e o fim das operações do Exército turco contra os curdos. As detenções ocorreram durante esta madrugada na cidade de Kocaeli, no noroeste do país, informou a Agência Lusa.
EFE
Curdo em sua casa, que foi atingida por disparos do conflito entre PKK e forças turcas na cidade de Sirnak, no sudeste do país
A petição estava sendo assinada desde segunda-feira (11/01) por intelectuais turcos e estrangeiros, como o norte-americano Noam Chomsky. Segundo as autoridades turcas, trata-se de “propaganda terrorista” e “insulto às instituições e à República turca”, reportou a agência local Anatolia.
Intitulado “Iniciativa de universitários pela paz”, o documento já recolheu mais de 1.200 nomes e reivindica o fim da ação das tropas turcas contra os integrantes do PKK (Partido dos Trabalhadores do Curdistão) no sudeste do país.
Segundo a petição, a intervenção turca na região de maioria curda é “um massacre deliberado e planejado”, que viola as leis do país e os tratados internacionais.
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Na quinta-feira (14/01), o presidente da Turquia, Recep Erdogan, afirmou que o grupo de universitários “colocou-se claramente no campo da organização terrorista [em referência ao PKK] e cuspiu o seu ódio sobre o povo turco”.
Em discurso em Ancara, Erdogan ainda acusou os acadêmicos de “traição”. “Os supostos intelectuais são indivíduos sombrios que não têm qualquer respeito pela sua pátria”, criticou.
No ano passado, uma onda de hostilidades entre soldados turcos e militantes do PKK ocorreu na Turquia, após o fim de um cessar-fogo de dois anos entre as duas partes. Estima-se que, desde então, mais de 3.000 integrantes do partido curdo tenham sido mortos nas mãos do Exército turco.