O primeiro-ministro do Haiti, Ariel Henry, anunciou nesta terça-feira (14/09) a demissão do procurador-geral Bel-Ford Claude, horas depois que o funcionário pediu à Justiça haitiana que abrisse uma investigação contra o premiê por suposto vínculo com o assassinato do ex-presidente Jovenel Moïse.
Henry comunicou a demissão do procurador em uma carta pública datada de segunda-feira (13/09), mas divulgada nesta terça pelo governo. A justificativa da demissão seria por “grave erro administrativo” cometido por Claude.
“Informamos que foi decidido encerrar seu cargo no Comissariado do Governo por falta grave administrativa”, diz a carta assinada pelo o primeiro-ministro.
Em uma decisão desta terça-feira (14/09), Henry nomeou Frantz Louis Juste para o cargo de Claude. Tanto a nomeação quanto a demissão do procurador-geral ainda são incertas, já que a Constituição do Haiti de 1987 determina que o procurador-geral só pode ser nomeado ou demitido pelo presidente, cargo que permanece vago desde o assassinato de Moïse.
Sur délégation du Premier ministre, @DrArielHenry, le ministre de l'intérieur, M. Liszt Quitel, a procédé, cet après-midi, à l'installation du commissaire du #gouvernement a.i. de Port-au-Prince, Me Frantz Louis Juste, en remplacement de Me Bed-Ford Claude, révoqué. #Haïti pic.twitter.com/MF78apbDbP
— Primature de la République d’Haïti (@PrimatureHT) September 14, 2021
Ben-Ford Claude, havia pedido nesta terça-feira (14/09) ao juiz Garry Orelien, responsável por supervisionar a investigação do assassinato do ex-presidente Jovenel Moïse, que investigasse o atual primeiro-ministro Ariel Henry por participação no crime.
Ariel Henry/Twitter
Premiê foi acusado de ter ligação com assassinato de ex-presidente Jovenel Moïse
Em carta enviada à Justiça, Claude afirma que o premiê haitiano conversou com Joseph Badio, ex-funcionário do Ministério da Justiça e um dos principais suspeitos de assassinar o mandatário, duas vezes na noite em que Moïse foi morto, em 7 de julho. “Existem elementos comprometedores suficientes para processar Henry e pedir sua acusação direta”, escreveu Claude.
Badio, que já foi defendido publicamente por Henry, está foragido no momento.
Em uma carta separada, Claude também entrou em contato com o Serviço de Alfândega do país exigindo que uma ordem de restrição imediata fosse emitida contra o premiê para impedir uma possível fuga do país.
O primeiro-ministro deve ser “proibido de deixar o território nacional por via aérea, marítima ou rodoviária devido à grave presunção relativa ao assassinato do presidente”, declarou o procurador.
Na semana anterior, Claude havia emitido uma intimação policial para Henry prestar depoimento e explicar a relação com o suspeito de assassinar o presidente. O primeiro-ministro rejeitou um dia depois o que disse serem “táticas diversionárias” destinadas a semear confusão e impedir que a justiça seja feita.
“Os verdadeiros culpados, os mentores e patrocinadores do odioso assassinato do presidente Jovenel Moïse serão identificados, levados à justiça e punidos por seu crime”, disse Henry pelo Twitter em 11 de setembro.
Sobre a acusação de envolvimento anunciada nesta terça-feira, o primeiro-ministro ainda não se manifestou. O presidente Jovenel Moïse foi morto em um ataque de homens armados em sua residência particular na capital, Porto Príncipe, em 7 de julho.