A Promotoria da Bolívia afirmou nesta terça-feira (06/09) ter identificado os responsáveis pelo assassinato do vice-ministro de Interior do país, Rodolfo Illanes, encontrado morto em 26 de agosto após ter sido sequestrado por mineiros que realizavam manifestações e bloqueavam estradas no país.
“Conseguiu-se individualizar os autores. Não vamos dar os nomes [porque] há várias pessoas que ainda não foram capturadas”, disse o promotor de La Paz, Edwin Blanco, em entrevista coletiva à imprensa.
Agência Efe
Polícia entra em confronto com mineiros que bloqueavam estradas na região de Panduro
De acordo com ele, foi possível chegar aos responsáveis por meio da análise de vídeos, divulgados em redes sociais na semana passada, que supostamente mostrariam Illanes ao redor de seus agressores antes de ser morto.
Além disso, Blanco informou que a polícia baseou-se em declarações públicas dadas a veículos de imprensa e nos depoimentos de dois moradores de Panduro, que seriam testemunhas- chave do caso.
“São testemunhas bem importantes que viram [os fatos], nos descreveram como se passou, o que se passou… pormenores. Então queremos protegê-los para que não ocorra nada com eles, é um tema muito delicado’, declarou o promotor aos repórteres.
Segundo a Promotoria de La Paz, dez pessoas estão presas de forma preventiva, incluindo o presidente da Fencomin (Federação Nacional de Cooperativas Mineiras da Bolívia), Carlos Mamani.
O corpo de Illanes foi encontrado em uma estrada da região de Panduro, a cerca de 180 quilômetros da capital La Paz, região onde o vice-ministro foi sequestrado por mineiros que estavam mobilizados contra o governo de Evo Morales.
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Segundo autoridades bolivianas, Illanes foi feito refém por um grupo de cooperativistas enquanto tentava negociar a suspensão de um bloqueio dos mineiros em Panduro, no caminho de La Paz para a cidade de Oruro.
Arquivo / ABI
Vice-ministro de Interior da Bolívia, Rodolfo Illanes, encontrado morto após ser sequestrado por mineiros
Exames de perícia indicaram que o vice-ministro sofreu severo traumatismo craniano e fratura de costelas, tendo sido torturado de seis a sete horas antes de sua morte.
A semana do assassinato de Illanes foi marcada por confrontos entre policiais e mineiros, que resultaram na morte de cinco trabalhadores. Sobre esses óbitos, Blanco disse que a Promotoria já tem uma relação dos agentes que atuaram em Panduro durante os protestos, que deverá servir de base para responsabilização dos policiais envolvidos.
Os cooperativistas protestavam pelo direito de alugar suas concessões mineradoras para empresas privadas ou estrangeiras, o que é vetado pela Constituição boliviana.