Um documento oficial sobre o golpe de Estado em Honduras, elaborado pela ministra de Relações Exteriores do país, Patrícia Rodas, e partidários de Manuel Zelaya, faz a defesa do presidente deposto, enumera responsáveis pelo fim da democracia no país e afirma que aqueles que concorrerem nas próximas eleições, ou reconhecerem os eleitos, serão considerados golpistas.
A ministra, uma das poucas aliadas de Zelaya que não saíram do cargo com a crise política dos últimos meses, foi quem redigiu o texto, da Embaixada de Honduras em Manágua, na Nicarágua, para que este circulasse por todo o país. Até o momento, o informativo de 29 páginas foi divulgado por um único jornal da imprensa local, cuja maior parte se mostra favorável ao governo de Roberto Micheletti. O assunto também não teve espaço nas emissoras de rádio e de televisão.
Na internet, o documento circula entre aqueles que protestam pela restituição de Zelaya, afirmou a dirigente Dolores Jarquin, da Via Campesina hondurenha, uma das lideranças da resistência ao golpe.
Exilado há mais de dois meses, Zelaya declarou que os candidatos e aqueles que aceitarem o resultado de qualquer eleição feita no período entre 2010-2014 também serão considerados golpistas.
Responsáveis pelo golpe
Segundo os assessores do presidente deposto, é possível enumerar quem foram os responsáveis pelo golpe de Estado. O documento ordena os culpados em três categorias: a de empresários, a de políticos e militares e a de investidores estrangeiros.
O documento, datado de agosto de 2009, mostra a insatisfação dos membros do governo deposto diante da atitude dos Estados Unidos, principal parceiro comercial do país caribenho. “Apesar da condenação pública que fez o presidente Barack Obama, os grupos conservadores dos Estados Unidos que apoiam o golpe de Estado dominam o monopólio de poder da nação”.
Questão estrutural
Ao defender o presidente deposto das acusações que lhes são atribuídas, tais como tentativa de se perpetuar no poder, iminência de implantação de um governo autoritário e infração à Constituição ao convocar um referendo para tentar reformá-la, é utilizado o argumento de que há concentração de renda no país, com “privilégios para uma oligarquia”.
Apesar de ter o apoio dos segmentos mais pobres da sociedade hondurenha, como sindicalistas, professores, funcionários públicos, agricultores e operários, os assessores de Zelaya afirmam no documento que se basear no fato de Zelaya ter adotado uma política de orientação socialista para justificar o golpe é um erro. “O governo do presidente Zelaya está longe de ser um governo populista. Ao contrário, promoveu fortemente o investimento privado, tanto estrangeiro como nacional”.
A declaração informa também que durante a gestão de Zelaya nenhuma empresa foi nacionalizada, nem expropriada, e que TLCs (Tratados de Livre Comércio) foram assinados.
A restituição de Zelaya e a anistia política são as duas principais propostas da declaração, concluída oficialmente com a seguinte frase: “Lutaremos [os aliados de Zelaya] incansavelmente até vencer”.
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