O Reino Unido concedeu em janeiro de 2012 licenças para exportação à Síria de fluoreto de sódio e fluoreto de potássio, “mesmo sabendo que os dois agentes são fundamentais na fabricação de armas químicas”, revelou um relatório publicado nesta segunda-feira (02/09) pelo comitê responsável por controle de armas da Câmara dos Comuns britânica.
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Os políticos cobram explicações do governo do motivo das licenças terem sido concedidas às vésperas da eclosão do conflito civil na Síria. “A Defesa tem que explicar porque o Reino Unido sequer considerou conceder uma licença como essa”, afirmou Angus Robertson, do partido Nacional da Escócia, à agência RT. “É impossível dizer”, reiterou em referência à clara possibilidade de grupos opositores utilizarem os gases para produção de armas químicas.
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Agência Efe
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Ontem à noite (02), o governo britânico se defendeu dizendo que as licenças foram concedidas para uma empresa localizada na Síria. “Os exportadores dos gases nos mostraram que os produtos químicos eram para fins legítimos da população, como utensílios de alumínio (produção de chuveiros elétricos e acabamento de janelas e portas), afirmou um porta-voz do governo britânico à imprensa europeia.
As informações do fornecimento de licenças foram reveladas no momento em que cresce a tensão na comunidade internacional com a possibilidade de intervenção militar na Síria após denúncias do uso de armas químicas. EUA e outras potências europeias afirmam ter provas que o governo sírio utilizou gás sarin contra civis durante o conflito no país.
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O presidente Bashar al Assad classificou na última sexta-feira (30) como “falsas” as provas apresentadas por Washington sobre o uso de armas químicas. Segundo comunicado da diplomacia do país, os EUA se baseiam em dados dos ativistas e da oposição.
Até o momento, não houve qualquer confirmação dos peritos da ONU – responsáveis pelas investigações – sobre os possíveis ataques químicos. “Para verificar quem usou armas químicas na Síria, é necessário uma investigação com poder de polícia, o que não é o caso dos atuais enviados da ONU”, afirma Roque Monteleone Neto, que participou de missões especiais das Nações Unidas no Iraque na década de 1990 em entrevista a Opera Mundi. Segundo ele, a única coisa que será verificada com os especialistas que estão na Síria é se, de fato, alguém fez uso de substâncias químicas.