O ex-presidente francês Nicolas Sarkozy renunciou nesta quinta-feira (04/07) “imediatamente” de seu cargo como ex-chefe de estado no Conselho Constitucional da França, depois que o órgão rejeitou as contas de sua campanha eleitoral de 2012, o que impedirá que o estado reembolse US$ 13 milhões a seu partido.
O ex-candidato da conservadora UMP (União por um Movimento Popular) afirmou em comunicado que, dessa forma, espera recuperar sua “liberdade de palavra diante da a gravidade da situação e das consequências” da sentença contra ele.
Segundo o Conselho Constitucional, Sarkozy gastou na campanha quase US$ 30 milhões, sendo que o teto autorizado para a despesa era de cerca de US$ 29 milhões, e com a sentença perde o direito de reembolso de 47,5% do total devido às irregularidades.
Trata-se da primeira vez que acontece algo do gênero na história da Quinta República Francesa, a atual constituição do país e instaurada em 1958.
Através de um comunicado, o alto órgão judicial concordou com a decisão da Comissão Nacional de Contas de Campanha e de Financiamento Político, que já tinha rejeitado em 2012 a prestação de contas apresentada por Sarkozy.
Conselheiros do Constitucional entendem que Sarkozy atribuiu ao Estado e ao seu partido parte das despesas próprias de sua campanha, como reuniões preparatórias, deslocamentos, pesquisas eleitorais e publicação de folhetos políticos.
Entre esses custos extras não refletidos na contabilidade de Sarkozy, destaca-se o grande comício que o então presidente fez em março de 2012 diante de cerca de 50 mil simpatizantes de seu partido em Villepinte, nos arredores de Paris.
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O comício teve um custo de cerca de US$ 4 milhões, cuja metade do valor Sarkozy atribuiu ao partido, argumentando que eles haviam realizado uma reunião no mesmo local pela manhã.
Os órgãos de controle também não aceitam que os comícios feitos pelo então presidente em Toulon, em dezembro de 2011, e em Fessenheim, em fevereiro de 2012, fiquem fora da contabilidade oficial sob o argumento de que Sarkozy ainda não havia anunciado sua candidatura de maneira oficial.
A decisão do Conselho, órgão para o qual Sarkozy recorreu, veio quando o UMP já comunicou que enfrenta dificuldades financeiras.
Após saber da decisão do órgão, o presidente interino do partido, Jean-François Copé, assinalou que reunirá a cúpula do UMP na próxima semana para “examinar todas as consequências da decisão”.
O ex-primeiro-ministro conservador François Fillon, aspirante a presidir o UMP, chamou sua “família política” para “assumir de forma solidária as consequências financeiras” da decisão do Conselho.