O acordo firmado entre Irã, Turquia e Brasil teria sido encorajado pelo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, conforme afirmou o ministro das Relações Exteriores da Turquia, Ahmet Davutoglu. A declaração veio logo após a secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, anunciar que havia chegado a um consenso com outras superpotências para uma nova rodada de sanções contra o Irã.
Segundo o chanceler, citado na edição de ontem (18/5) do jornal norte-americano The National, Obama é o responsável pela aproximação da Turquia com o Irã em busca de uma solução diplomática para a questão nuclear. “Obama abriu o caminho para esse processo”, afirmou Davutoglu, em Istambul.
Davutoglu contou que o primeiro-ministro da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, tinha sido “encorajado” por Obama a prosseguir no diálogo com a nação islâmica durante a Conferência Mundial de Segurança Nuclear realizada em Washington no início de abril.
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O porta-voz da Casa Branca, Robert Gibbs, negou hoje (19/5) em comunicado oficial que Obama tenha falado diretamente com Erdogan naquela ocasião. Entretanto, no dia 6 de maio, o embaixador norte-americano na Turquia, James Jeffrey, afirmou que Obama, o primeiro-ministro da Turquia e o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, haviam se reunido durante a conferência nuclear em abril para tratar do diálogo com Teerã, segundo reportagem publicada pelo site do jornal turco Hürriyet.
Publicamente, a postura de Hillary foi diferente daquela que Obama teria adotado na cúpula nuclear. Na sexta-feira (14/5), segundo informação divulgada pelo governo dos EUA, a secretária de Estado telefonou para o ministro turco para dizer que não acreditava na possibilidade de acordo com o Irã.
Impasse
O documento assinado na segunda-feira (17/5) determina que o Irã enviará à Turquia 1,2 toneladas de urânio enriquecido a 3,5%, em troca de 1,2 toneladas de urânio enriquecido a 20%. Em outubro passado, a AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) fez a mesma proposta para o Irã, mas o enriquecimento seria feito na França ou na Rússia. Teerã não concordou com a oferta.
Após o acerto com Brasil e Turquia, o governo iraniano se comprometeu a informar sobre o processo à AIEA e a negociar com o Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas). No dia seguinte à assinatura do acordo, a secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, informou que Rússia e China haviam concordado em sancionar o Irã, junto dos EUA, França, Reino Unido – os cinco membros permanentes e com poder de veto no conselho.
Desde dezembro de 2006 o órgão da ONU aplicou três rodadas de sanções contra o Irã. A nova resolução, elaborada desde abril desse ano, baseia-se em sanções existentes e em novas categorias de penalizações. O documento prevê um endurecimento das restrições bancárias contra o Irã, a expansão de um embargo da venda de armas ao país e a proibição de investimentos iranianos em atividades nucleares no exterior. Os EUA precisam do apoio de nove países-membros do Conselho de Segurança – e nenhum veto – para passar a nova rodada de sanções.
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