A Turquia anunciou nesta segunda-feira (13/08) uma série de
medidas para conter a desvalorização de sua moeda, a lira. Em meio à tensão
política com os Estados Unidos, o presidente turco, Recep Tayyp Erdogan, acusa
Donald Trump de armar uma conspiração contra o país, ao duplicar as taxas
alfandegárias nas importações de aço e alumínio turcos, o que provocou a queda
da lira.
O Banco Central turco elevou a taxa de reservas
obrigatórias para os bancos e, a fim de evitar problemas de liquidez, indicou
que irá injetar cerca de 10 milhões de liras, US$ 6 bilhões e o equivalente a 3
bilhões em ouro, na tentativa de conter a crise monetária. A instituição
financeira anunciou que fornecerá toda a liquidez que os bancos precisam,
acrescentando que tomará “todas as medidas necessárias” para
assegurar a estabilidade financeira.
A lira turca já perdeu mais de 40% de seu valor desde o
início do ano e agora derruba também o euro, pela exposição de alguns grandes
bancos europeus com filiais na Turquia, como o francês BNPParibas e o italiano
Unicredit. O ministro da Economia alemão adverte que as provocações de Trump
vão destruir o crescimento mundial.
A Bolsa de Tóquio fechou em forte baixa nesta segunda-feira (-1,98%), sob influência da sexta-feira trágica na Turquia, quando a lira desvalorizou 16%. A Turquia também já abriu seus mercados com perdas neste começo de semana e a lira turca caiu para uma nova baixa recorde, chegando pela primeira vez abaixo de 7 libras contra um dólar. Depois do anúncio do Banco Central, houve leve recuperação e o câmbio chegou a 6,65 liras turcas por um dólar às 6h30, horário GMT.
Líderes religiosos no centro das tensões
No centro da batalha entre Estados Unidos e Turquia está o destino do pastor norte-americano Andrew Brunson, atualmente em julgamento na Turquia por “terrorismo” e “espionagem”. Ele está em prisão domiciliar desde o final de julho, após um ano e meio na prisão. Os Estados Unidos solicitam a libertação imediata do Pastor Brunson que pode pegar até 35 anos de prisão, enquanto a Turquia pede a extradição de Fethullah Gulen, um pregador turco que vive há quase 20 anos em solo americano e é suspeito de ser o arquiteto do golpe fracassado de julho de 2016.
Além dessas tensões, os economistas estão preocupados com o estrangulamento da economia de Erdogan, que se fortaleceu após sua reeleição em junho passado. Os mercados pedem que o Banco Central aumente ainda mais suas taxas para sustentar a lira e controlar a inflação galopante, que atingiu quase 16% em julho na comparação anual.