O presidente de Uganda, Yoweri Museveni, bloqueou as redes sociais no país nesta quinta-feira (18/02), dia das eleições presidenciais, alegando questões de “segurança nacional”. Museveni é um dos oito candidatos na disputa e busca um novo mandato – ele está no cargo há 30 anos.
“Algumas pessoas usam esses meios da forma errada. Você sabe como usam errado: contando mentiras”, disse Museveni durante entrevista para uma emissora local. Os aplicativos e sites de Whatsapp, Twitter e Facebook estão fora do ar para a população.
Agência Efe
Devido a atrasos, eleitores tiveram de esperar mais de cinco horas nas filas dos centros eleitorais
A Anistia Internacional condenou a medida, afirmando em comunicado que o governo ugandense está cometendo um “ato de censura” perante a falta de ameaças reais à segurança. Para a organização, o bloqueio é uma “flagrante violação dos direitos fundamentais dos cidadãos de Uganda à liberdade de expressão e à informação”.
Para driblar as restrições, algumas pessoas passaram a utilizar redes privadas virtuais para se conectar a servidores de outros países e, assim, ter acesso às páginas não permitidas. Por causa disso, a hashtag #UgandaDecides está sendo disseminada, principalmente no Twitter, com o intuito de denunciar atrasos e irregularidades nos centros eleitorais.
Agência Efe
Ugandenses votam em novo presidente e novos representantes parlamentares
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Os centros de votação deveriam ter sido abertos às 6h no horário local (3h em Brasília), porém os eleitores na capital, Campala, e nas cidades de Wakiso, Mukono e Entebbe tiveram de esperar mais de cinco horas para começar a votar.
Os atrasos motivaram diversos protestos, reprimidos em algumas regiões pela polícia com gás lacrimogêneo. A votação acabou sendo cancelada em pelo menos dois centros eleitorais na capital.
Agência Efe
Principal candidato da oposição, o médico Kizza Besigye, durante campanha em Kampala
Pesquisas
As pesquisas de opinião mais recentes indicam uma vitória apertada de Museveni, presidente do país desde 1986. O principal opositor é Kizza Besigye, que já foi médico do próprio Museveni e afirmou que não acredita em eleições livres e justas.
Besigye, que já disputou a presidência com Museveni outras três vezes, chegou a ser detido nesta quinta-feira, quando, de acordo com entrevista de seu advogado à AFP, checava denúncias de fraude eleitoral em uma seção. Ele foi solto pouco tempo depois.
Outro forte candidato de oposição é Amama Mbabazi, ex-primeiro-ministro de Uganda.
Mais de 15 milhões de pessoas estão registradas para votar nos mais de 28 mil centros eleitorais no pleito que escolherá o próximo presidente e membros do Parlamento, cujos 290 assentos estão sendo disputados por candidatos de 29 partidos políticos diferentes.