Um imenso lago subterrâneo foi descoberto pela primeira vez em Marte. O volume de água constatado pelos cientistas – uma condição indispensável para o desenvolvimento da vida- é inédito na região. O anúncio foi feito nesta quarta-feira (25/07) por uma equipe internacional de astrônomos, que publicou o artigo na revista americana Science.
Localizado debaixo de uma camada de gelo marciano, o lago é amplo, com cerca de 20 quilômetros de largura. A descoberta levanta a possibilidade de haver mais água e, talvez, vida em Marte, afirma o texto publicado na Science. A água que acabou de ser descoberta no planeta, no entanto, não é potável e foi localizada a 1,5 quilômetro de profundidade da superfície, a baixas temperaturas.
“Este é um resultado surpreendente que sugere que a água em Marte não é um escoamento temporário, como revelado em descobertas anteriores, mas um corpo de água persistente que cria condições para a vida durante longos períodos de tempo”, disse Alan Duffy, professor associado da Universidade Swinburne na Austrália, que não esteve envolvido no estudo. Marte é agora frio, árido e deserto, mas costumava ser quente e úmido e abrigava muita água líquida e lagos há pelo menos 3,6 bilhões de anos.
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Os cientistas buscam há anos traços de água em sua forma líquida no planeta. As descobertas são essenciais para comprovar a existência de uma eventual forma de vida, seja num passado distante, seja nos dias de hoje. Isso também ajudaria os humanos a sobreviver em futuras missões de exploração no planeta vermelho, vizinho da Terra.
Frio demais para os micróbios
A presença de uma eventual forma de vida microbiana ainda não foi confirmada. Alguns especialistas se mostram céticos em relação à questão, e estimam que o lago é excessivamente frio e contém muito sal e minerais dissolvidos para possibilitar a reprodução de bactérias. A temperatura é provavelmente mais baixa do que o ponto de congelamento da água pura, mas o lago pode se manter em estado líquido em razão da presença de magnésio, cálcio e sódio.
“É uma descoberta extraordinária, que pode reforçar as hipóteses em relação à presença de microrganismos vivos no planeta vermelho”, estima Fred Watson, do Observatório astronômico australiano. “Mas é preciso prudência, porque a concentração de sal necessária para a manutenção da água no estado líquido pode ser fatal para a vida dos micróbios terrestres”.