Um dia antes de centenas de apoiadores do presidente Donald Trump invadirem o Capitólio dos Estados Unidos, o FBI divulgou internamente, em 5 de janeiro, um relatório alertando que extremistas se preparavam para “violência e guerra” na cidade de Washington DC.
A informação foi publicada pelo jornal norte-americano Washington Post nesta terça-feira (12/01) e expôs uma contradição com o discurso oficial adotado pelo FBI após os eventos que afirmava não existir “nenhuma indicação” de que haveria qualquer outro ato além de protestos no dia 6 de janeiro na capital.
Segundo o periódico, que teve acesso ao relatório, o FBI de Norfolk, na Virgínia, havia monitorado discussões virtuais que indicavam “convocações para a violência” no dia 6 de janeiro.
“Fiquem violentos. Parem de chamar isso de marcha ou protesto, ou comício. Vá pronto para a guerra. Ou nós conseguimos nosso presidente ou morremos”, diz o relatório citando falas de extremistas de direita.
O documento ainda deixa claro que, “baseado em inteligência conhecida e/ou observações prévias específicas, é possível que atividades protegidas [manifestações] possam gerar reações violentas de indivíduos isolados”.
Segundo um oficial do FBI de Norfolk ouvido pelo Post, o relatório com as informações foi repassado à sede do órgão em Washington um dia antes do ataque, em 5 de janeiro.
No dia 8 de janeiro, dois dias após a invasão do Congresso, o chefe da sede do FBI em Washington, Steven D'Antuono, disse à imprensa que “não havia indícios” de nada planejado “diferente do que atos protegidos pela Constituição”.
AFP/Télam
Documento contradiz versão oficial do FBI de que não existiam indícios que atos violentos pudessem ocorrer no dia 6 de janeiro
Invasão ao Capitólio
Nas primeiras horas da tarde do dia 6 de janeiro, centenas de manifestantes já se concentravam em frente ao Congresso para participar do ato convocado por apoiadores de Trump e pelo próprio presidente.
O republicano chegou a discursar aos manifestantes e convocou “uma marcha” até o Congresso para, segundo Trump, “encorajar” senadores e deputados a rejeitarem a vitória de Joe Biden nas eleições.
Minutos depois, os participantes do ato se dirigiram ao Capitólio e as primeiras invasões foram registradas. Pessoas quebraram vidraças e portas para entrar no prédio.
O Senado anunciou a suspensão da sessão e deputados e senadores começaram a ser evacuados do local utilizando máscaras de gás.
Trump, que havia dito que o vice-presidente e chefe do Congresso, Mike Pence, “não teve coragem” de rejeitar a vitória de Biden, demorou a se pronunciar sobre a invasão e, quando o fez, não condenou o ato, mas pediu para que todos que estivessem no Capitólio permanecessem pacíficos.
Invasores chegaram, por algumas horas, a ocupar o Senado e gabinete de alguns parlamentares, inclusive da própria presidente da Câmara, Nancy Pelosi.