Segunda-feira, 7 de julho de 2025
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Um dia antes de centenas de apoiadores do presidente Donald Trump invadirem o Capitólio dos Estados Unidos, o FBI divulgou internamente, em 5 de janeiro, um relatório alertando que extremistas se preparavam para “violência e guerra” na cidade de Washington DC.

A informação foi publicada pelo jornal norte-americano Washington Post nesta terça-feira (12/01) e expôs uma contradição com o discurso oficial adotado pelo FBI após os eventos que afirmava não existir “nenhuma indicação” de que haveria qualquer outro ato além de protestos no dia 6 de janeiro na capital.

Segundo o periódico, que teve acesso ao relatório, o FBI de Norfolk, na Virgínia, havia monitorado discussões virtuais que indicavam “convocações para a violência” no dia 6 de janeiro.

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“Fiquem violentos. Parem de chamar isso de marcha ou protesto, ou comício. Vá pronto para a guerra. Ou nós conseguimos nosso presidente ou morremos”, diz o relatório citando falas de extremistas de direita.

O documento ainda deixa claro que, “baseado em inteligência conhecida e/ou observações prévias específicas, é possível que atividades protegidas [manifestações] possam gerar reações violentas de indivíduos isolados”.

Segundo um oficial do FBI de Norfolk ouvido pelo Post, o relatório com as informações foi repassado à sede do órgão em Washington um dia antes do ataque, em 5 de janeiro.

No dia 8 de janeiro, dois dias após a invasão do Congresso, o chefe da sede do FBI em Washington, Steven D'Antuono, disse à imprensa que “não havia indícios” de nada planejado “diferente do que atos protegidos pela Constituição”.

Documento contradiz versão oficial do FBI de que não existiam indícios que atos violentos pudessem ocorrer no dia 6 de janeiro

AFP/Télam

Documento contradiz versão oficial do FBI de que não existiam indícios que atos violentos pudessem ocorrer no dia 6 de janeiro

Invasão ao Capitólio

Nas primeiras horas da tarde do dia 6 de janeiro, centenas de manifestantes já se concentravam em frente ao Congresso para participar do ato convocado por apoiadores de Trump e pelo próprio presidente.

O republicano chegou a discursar aos manifestantes e convocou “uma marcha” até o Congresso para, segundo Trump, “encorajar” senadores e deputados a rejeitarem a vitória de Joe Biden nas eleições.

Minutos depois, os participantes do ato se dirigiram ao Capitólio e as primeiras invasões foram registradas. Pessoas quebraram vidraças e portas para entrar no prédio.

O Senado anunciou a suspensão da sessão e deputados e senadores começaram a ser evacuados do local utilizando máscaras de gás. 

Trump, que havia dito que o vice-presidente e chefe do Congresso, Mike Pence, “não teve coragem” de rejeitar a vitória de Biden, demorou a se pronunciar sobre a invasão e, quando o fez, não condenou o ato, mas pediu para que todos que estivessem no Capitólio permanecessem pacíficos.

Invasores chegaram, por algumas horas, a ocupar o Senado e gabinete de alguns parlamentares, inclusive da própria presidente da Câmara, Nancy Pelosi.