Atualizado em 29/03/2017
Leon Blum, político francês, chefe do Partido Socialista, conhecido historicamente por ter liderado o Front Populaire na década de 1930, morre em Jouy-en-Josas no dia 30 de março de 1950, aos 77 anos.
Nascido em 9 de setembro de 1872, em Paris, em uma rica família judaica, ingressa na Escola Normal Superior mas escolhe em seguida cursar direito. Participa ao lado de Jean Jaures de fundação do jornal L’Humanité. Provoca escândalo também com um livro, Do Casamento (1907), em que prega tanto para os homens quanto para as mulheres a experimentação sexual antes do casamento.
Brilhante intelectual, eleito deputado em 1919, Blum assume a chefia do Partido Socialista após o Congresso de Tours (1920). Em 1936, leva o Front Populaire à vitória nas eleições legislativas e torna-se presidente do Conselho. Foi forçado a pedir demissão em 21 de junho de 1937.
Em 10 de julho de 1940, perfila-se entre os 80 deputados que recusam os plenos poderes ao marechal Petain. É internado pelo regime de Vichy, julgado em Riom por sua suposta responsabilidade pela derrota de 1940 e entregue aos alemães.
Logo depois da libertação, dirige durante um mês o governo antes da posse do presidente Vincent Auriol.
Em 3 de maio de 1936, tivera lugar na França o segundo turno das eleições legislativas. O escrutínio dá maioria a uma coalizão de esquerda, o Front Populaire, conduzido por um chefe carismático, o socialista Leon Blum, então com 64 anos.
O Front Populaire era uma aliança eleitoral formada dois anos antes pelos três grandes partidos de esquerda: o Partido Comunista, de Maurice Thorez, o Partido Socialista, de Leon Blum, e, mais ao centro, o Partido Radical-Socialista, de Edouard Daladier. Sua vitória provoca nas classes populares uma esperança tanto maior porquanto o país estava paralisado, havia muitos anos, por uma crise econômica derivada do ‘crash’ de Wall Street de 1929.
Tão logo o governo se instalou, multiplicaram-se as greves por todo o país, além de ocupações de fábricas, de canteiros de obras e das grandes lojas, na esperança da derrubada do sistema capitalista.
Essas greves improvisadas atingem rapidamente o conjunto do setor privado. No total eram 2 milhões de grevistas. Fato notável, elas se desenrolavam de maneira pacífica e num ambiente de alegria. Todos acreditavam na iminência de uma nova revolução.
O governo restaura a paz social assinando com os representantes patronais e sindicais os Acordos Matignon, na noite de 7 para 8 de junho de 1936 – o palácio Matignon era a residência do presidente do Conselho.
Os acordos previam aumento salarial, eleição de delegados operários nas fábricas, estabelecimento de contratos coletivos e não mais individuais. Em consequência, o trabalho foi sendo retomado paulatinamente em todas as empresas.
Leon Blum comanda com energia e rapidez algumas reformas sociais espetaculares: descanso semanal remunerado (8 de junho de 1936) e semana de 40 horas para todos os assalariados (12 de junho de 1936).
Reforma a estrutura do Banco da França (24 de julho); nacionaliza as principais fábricas de armamento (11 de agosto) e cria o Escritório Interprofissional do Trigo (15 de agosto) a fim de controlar o curso e o preço dos cereais.
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Blum utiliza a data de 31 de dezembro de 1936, quando se anunciava o novo ano, para saudar a obra concluída: “Voltou a esperança, o gosto pelo trabalho, o gosto pela vida”.
O desemprego, no entanto, não dava mostras de melhora. Os patrões, a pretexto de que a limitação a 40 horas da jornada semanal de trabalho, em vez das 48 horas anteriores, afetava diretamente a lucratividade de seus negócios, passaram a reduzir os seus quadros de empregados. Com isso, houve uma retomada dramática do desemprego, o que afetou a economia como um todo.
Blum procede à desvalorização do franco, o que permite certo respiro à economia, porém, a medida chega um pouco tarde demais. Em 13 de fevereiro de 1937, numa alocução radiofônica, Blum se resigna a anunciar uma “pausa social”.
No plano político, a demora do governo em se manifestar diante da crucial Guerra Civil espanhola, que colocava frente a frente, numa cruenta guerra, forças fascistas e progressistas, termina por desacreditá-lo. Em 21 de junho de 1937, o líder socialista vê-se forçado a apresentar sua demissão.
Leon Blum é substituído na chefia do governo pelo radical-socialista Camille Chautemps, quem permite abrir uma brecha na legislação trabalhista sobre as 40 horas semanais, facilitando a ampla utilização de horas extras.
Prosseguiu nas reformas, reagrupando as companhias privadas de estrada de ferro, gravemente deficitárias, num monopólio público, a SNCF (Societé Nationale de Chemin de Fer). No entanto, comunistas e socialistas pressionam pela aplicação integral do programa do Front e provocam sua demissão.
Leon Blum retorna à chefia de um governo de união nacional em 13 de março de 1938, em um momento de extrema tensão internacional: exatamente na véspera, Hitler anexava a Áustria à Alemanha.
Encaminha sua renúncia menos de um mês depois e o radical-socialista Edouard Daladier assume a presidência do Conselho. A este caberia assinar os famigerados Acordos de Munique, para tempos depois declarar guerra à Alemanha nazista.
Também nesta data:
1842 – Éter é usado pela primeira vez em anestesia
1856 – Guerra da Crimeia chega ao fim
1948 – Henry Wallace ataca política para Guerra Fria do presidente Truman
1981 – Ronald Reagan sobrevive a atentado