A emissora CNN en Español deixou de ser transmitida por várias operadoras de TV a cabo venezuelanas nesta quarta-feira (15/02), após denúncias da Conatel (Comissão Nacional de Telecomunicações), que acusou o canal de “atentar contra a paz e a estabilidade democrática do país”. O órgão afirmou que os conteúdos da emissora “geram um clima de intolerância já que, sem conteúdo probatório e de maneira inadequada, difamam e distorcem a verdade, repetindo as mesmas prováveis incitações de agressões externas contra a soberania da Venezuela”.
Segundo comunicado da Conatel, o órgão ordenou como medida preventiva a “suspensão imediata das transmissões do canal de notícias CNN en Español no território nacional”. Também foi aberto um procedimento administrativo, correspondente ao “conteúdo que vem sendo divulgado pela citada emissora internacional de notícias de forma sistemática e reiterada no desenvolvimento de sua programação diária”, afirmou a Conatel.
“O canal CNN não foi e jamais será censurado. Simplesmente foi violada a Lei de Responsabilidade Social em Rádio, Televisão e Meios Eletrônicos, por isso tomamos a decisão de tirá-lo do ar”, afirmou Andrés Eloy Méndez, presidente da Conatel, nesta quinta-feira (16/02).
A suspensão da CNN ocorre após a transmissão na semana passada do programa “Passaportes nas sombras”, que investigou uma suposta rede de venda de passaportes venezuelanos a cidadãos do Oriente Médio. A reportagem se fundamenta no testemunho de Misael López, ex-conselheiro legal da embaixada da Venezuela no Iraque entre 2013 e 2015, ano no qual foi demitido por supostamente por denunciar a venda de vistos e passaportes. “No Iraque as pessoas pagavam muito dinheiro por um visto ou passaporte, até US$ 15.000”, afirmou López. “Não lhes importa se quem tem os US$ 15.000 é um terrorista ou uma idosa que quer asilo na Europa”, acrescentou o ex-funcionário, que agora vive na Espanha.
Agência Efe
Presidente Nicolas Maduro: CNN é “um instrumento de guerra em mãos de verdadeiras máfias”
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A chanceler da Venezuela, Delcy Rodríguez, afirmou que a reportagem é uma “absoluta mentira”, e declarou que “a rede de televisão 'CNN en Español' iniciou uma operação de guerra psicológica, uma operação de propaganda de guerra contra nosso país”. “Tudo o que vocês pretenderam vender nesse programa é absoluta mentira”, disse a chefe da diplomacia venezuelana, ao qualificar de “muito grave” a transmissão da reportagem que pretende vincular o governo venezuelano com um “suposto tráfico de passaportes relacionado com o terrorismo”. Rodríguez também afirmou que a emissora está “a serviço das agências políticas militares dos Estados Unidos”.
O presidente Nicolás Maduro também criticou o programa, acusando a CNN de ser “um instrumento de guerra em mãos de verdadeiras máfias” e de promover uma intervenção no país caribenho em aliança com o Departamento de Estado dos Estados Unidos. “A 'CNN' e o Departamento de Estado estão impondo uma política equivocada sobre a Venezuela, estão promovendo uma intervenção geral, em massa, e uma agressão contra a Venezuela. Quem a está promovendo? A 'CNN', que é um instrumento de guerra em mãos de verdadeiras máfias”, afirmou Maduro em um ato transmitido pela emissora estatal VTV.
A CNN, por sua vez, defendeu a reportagem, ressaltando que dedicou mais de um ano de investigação ao programa “Passaportes nas sombras”, além de revisar “milhares de documentos” e realizar entrevistas em quatro países. “Respaldamos categoricamente nossa investigação, nosso trabalho jornalístico, inclusive as fontes que usamos, assim como o trabalho dos jornalistas que participaram dela”, afirmou a emissora norte-americana.