Giovanni Pico della Mirandola, erudito, filósofo neoplatônico e humanista do Renascimento italiano, morre em Florença no dia 17 de novembro de 1494. Nunca se soube a causa de sua morte. Alguns suspeitam que tenha sido assassinado por sua secretária, que não aceitava sua aproximação com Savonarola. Outros alegam que foi envenenado pelo sucessor de Lorenzo, Piero de Médici.
Nasceu em Mirandola, Itália, em 24 de fevereiro de 1463. Era filho de uma família nobre e rica, além de muito influente na política e na arte Renascentista italiana. Teve dois irmãos, ambos muito mais velhos: Conde Galeotto (1442–1499), que seguiu com a dinastia, e Antonio (1444–1451), que tornou-se general do exército imperial.
NULL
NULL
WikiCommons
Desde pequeno, sua mãe o destinou à vida eclesiástica, proporcionando todo o necessário para que ele ocupasse um alto cargo na Igreja. Durante a infância estudou latim e grego. Aos 14 anos, mudou-se para Bolonha a fim de estudar Direito Canônico, deixando sua parte do principado ancestral aos irmãos. Dois anos depois, largou o estudo de direito canônico para estudar filosofia na Universidade de Ferrara, pois queria um conhecimento mais aprofundado sobre a realidade humana e as coisas do mundo. Lá permaneceu por dois anos, estudando os textos originais de autores gregos e latinos, sob a orientação de Battista Guarino, humanista influente à época.
De 1480 a 1482, Mirandola frequentou a Universidade de Pádua, referência em aristotelismo, onde teve contato com o pensamento escolástico. Nesse período, estudou hebraico e árabe com Elia Del Mendigo, que lhe introduziu na Cabala. Nos anos seguintes, dedicou-se à leitura em casa e a visitas de grandes centros de estudos humanistas na Itália.
Em 1484 foi para Florença, onde manteve contato com pensadores platônicos, entre eles Lourenço de Medici o Magnífico, que depois se tornou um de seus maiores amigos e protetor. Conheceu também a Michelangelo e Marsilio Ficino, importante filósofo neoplatônico. Neste período, reencontra um antigo amigo, Angelo Poliziano, com quem manteve forte amizade até o fim da vida.
Em 1485, ainda em Florença, escreveu a “Carta a Ermolao Barbaro”, que era professor da Universidade de Pádua a quem Mirandola criticava por valorizar mais a filologia do que a filosofia, dando mais importância à estilística literária do que à busca da verdade. No mesmo ano, foi para a Universidade de Paris, onde ficou até 1486 estudando filosofia e humanismo. Crê-se que foi nesse período que começou a escrever as 900 teses pelas quais ficou conhecido.
Com 23 anos, viaja a Roma com a intenção de defender suas 900 teses em público. No caminho, parou em Arezzo, onde teve caso com a mulher de um dos primos de Lorenzo de Médici. Tentou fugir com ela, mas foi descoberto, ferido e preso. Foi solto, algum tempo depois, quando Lorenzo interveio em seu favor.
Após sair da prisão, passou alguns meses se recuperando em Perugia. Lá teve contato com 60 manuscritos hebraicos, que falavam sobre misticismo e Cabala e que, à época, acreditava terem sido escritos por ordem de Esdras. Jamais se teve certeza sobre a origem dos manuscritos. Especula-se que um impostor vendeu-lhe manuscritos falsos. Com tantas influências díspares, tentou, em suas 900 teses, conciliar religião e filosofia, catolicismo e Cabala, Aristóteles e Platão.
Em dezembro de 1486, publicou em Roma suas 900 teses e se ofereceu para pagar os custos da viagem de qualquer filósofo que se dispusesse ir à Roma para discuti-las em debate público. Nesse mesmo ano, publicou “De hominis dignitate oratio” (Discurso sobre a Dignidade do Homem) que serviu de introdução às teses.
Em fevereiro de 1487, o papa Inocêncio VIII condenou 13 das 900 teses. Pico aceitou escrever uma apologia se desculpando. No entanto, a apologia mais reafirmava do que retratava as teses. O papa resolve montar um tribunal inquisitorial, forçando Pico a renunciar à apologia. Não satisfeito, o papa, considerando as teses heréticas, mandou prendê-lo.
Foi preso a caminho da França em 1488. Lorenzo tentou usar sua influência para libertá-lo, o que só conseguiu em 1491, quando Alexandre VI foi eleito papa. Ao sair da prisão, Mirandola mudou-se para uma casa de campo perto de Fiesole, a ele destinada por Lorenzo. Lá escreveu “Heptaplus id est de Dei creatoris opere” (1489) e “De Ente et Uno” (1491).
Em 1492, quando Lorenzo morre, Mirandola muda-se para Ferrara, fazendo viagens constantes a Florença, onde reencontrou um velho amigo, Girolamo Savonarola, monge dominicano, anti-humanista e crítico acérrimo do Renascimento. Mirandola desistiu da Cabala, de seus textos e poemas, da sua fortuna e herança e virou um seguidor de Savonarola.
Também nesse dia:
1959 – Morre Heitor Villa-Lobos, compositor de reconhecimento internacional
1917 – Morre em Paris o escultor Auguste Rodin
1869 – Inaugurado o Canal de Suez no Egito
1903 – Assinado o Tratado de Petrópolis em que a Bolívia cede o Acre ao Brasil
1969 – Pelé marca de pênalti seu milésimo gol no Maracanã, em partida entre Santos e Vasco