O Dia de Ação de Graças (“Thanksgiving Day”) é celebrado anualmente na quarta quinta-feira de novembro nos Estados Unidos. Foi declarado oficialmente como feriado nacional em 26 de novembro de 1941 pelo então presidente Franklin Delano Roosevelt.
O primeiro Dia de Ação de Graças norte-americano foi celebrado em 1621 para comemorar a colheita levada a cabo pela Colônia Plymouth após um rigoroso inverno. Naquele ano o governador William Bradford proclamou um dia de ação de graças. Os colonos o celebraram como uma festa de colheita britânica tradicional, para a qual convidaram os indígenas Wampanoag locais.
Em meados do século XIX, muitos estados já observavam o “holyday”. Entrementes, a poeta e editora Sarah Hale passou a defender um feriado nacional dedicado à ação de graças. Durante a Guerra Civil, o presidente Abraham Lincoln, em busca de meios para unir a nação, discutiu o assunto com Hale. Em 1863 procedeu à Proclamação de Ação de Graças, decretando que a última quinta-feira de novembro seria um dia de ação de graças.
Em 1939, 1940 e 1941, Roosevelt, buscando estender o período de vendas do Natal, proclamou a terceira quinta-feira de novembro como o “Dia de Ação de Graças”. Seguiu-se uma controvérsia levando o Congresso finalmente a decretar em 1941 que o feriado recairia na quarta quinta-feira do mês, em vigor até os dias de hoje.
As pessoas comemoram a data com jantares reunindo toda a família ou aproveitando para viajar. Nas escolas, costuma-se organizar peças teatrais mostrando peregrinos e nativos celebrando a colheita de outono.
No entanto, atos de ação de graças não nasceram nos Estados Unidos. Povos antigos como os gregos, judeus e chineses costumavam organizar festivais, geralmente no outono, que duravam dias, agradecendo pela colheita. Os gregos reverenciavam Deméter, a deusa da colheita e dos cereais, chamada em Roma de Ceres – daí o nome “cereal”. Os chineses faziam uma festa dedicada à lua cheia com bolos redondos chamados de “bolo de lua”.
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Ilustração da primeira celebração do Dia de Ação de Graças (por Jean Louis Ferris)
Os puritanos irlandeses, muitos deles fugindo da perseguição religiosa na Irlanda e na Inglaterra e que vieram habitar as colônias no Novo Mundo, também realizavam atos de agradecimento a Deus depois de períodos de escassez ou de extremo sofrimento.
Mais de cem puritanos chegaram a Plymouth, hoje Massachusetts, em 1620, na embarcação Mayflower. Poucos conseguiram sobreviver na nova terra depois de um rigoroso inverno.
Em 1621, um nativo ‘patuxet’ Squanto, que falava inglês, fez contato com os colonos, o que garantiu a sobrevivência dos novos habitantes. Os nativos ensinaram como extrair seiva das árvores e como plantar milho. Depois de uma colheita bem-sucedida, o governador dos puritanos Bradford decidiu realizar um banquete de celebração e agradecimento, convidando nativos para o ato.
Com o passar do tempo, muitos estados adotaram diferentes datas para comemorar o Dia de Ação de Graças até Roosevelt sancionar decisão do Congresso.
O maior símbolo do Dia de Ação de Graças é o peru, que mais de 90% da população come nesse dia. Para muitos é o Dia do Peru. Há uma tradição na Casa Branca, o presidente captura um peru na véspera, que é levado ao Kidwell Farm, uma espécie de zoológico no estado da Virginia. Há 65 anos o presidente Harry Truman começou essa tradição, seguida invariavelmente pelos seus sucessores.
Além do peru, outras comidas são tradicionalmente servidas como refeição nesse dia. Pratos feitos com batata, abóbora e amora são habituais na mesa dos norte-americanos. Muitos desses pratos foram cultivados pelos indígenas e introduzidos na culinária dos europeus quando lá chegaram. Desfiles e competições esportivas também marcam o dia, amplamente patrocinados por lojas com o objetivo de incentivar o início das compras para o Natal.
Detalhes do Dia de Ação de Graças nos Estados Unidos constituíram-se em mitos que se consolidaram após a Guerra Civil e no início do século XX, como um desejo coletivo para a consolidação de uma identidade nacional.