Atualizado em 11.mai.2015, às 6h
Harold Adrian Russel Philby – Kim Philby -, um antigo oficial do Serviço Secreto de Inteligência britânico e agente duplo para a União Soviética, morreu em Moscou em 11 de maio de 1988, aos 76 anos. Philby foi talvez o mais famoso de um grupo de oficiais britânicos, conhecido como “Os Cinco de Cambridge”, que serviram como espiões soviéticos dos anos 1930 aos anos 1950.
Philby veio de uma respeitada e privilegiada origem na sociedade britânica. Frequentou o prestigioso Trinity College da Universidade de Cambridge no começo dos anos 1930 e se interessou cada vez por ideias políticas radicais. Em 1934, viajou a Viena, onde casou-se e logo se divorciou de uma jovem mulher que era membro do Partido Comunista da Áustria. Philby mais tarde declarou que foi nesse momento que o governo soviético recrutou-o para trabalhos de espionagem no Reino Unido.
Em 1941, Philby consegue ingressar nas fileiras do Serviço Secreto de Inteligência britânico, o famoso MI6. Rapidamente ascendeu a postos mais altos e, num irônico conjunto de circunstâncias, foi encarregado de lidar com os agentes duplos do MI6. Durante a guerra, trabalhou estreitamente tanto com agentes de espionagem norte-americanos quanto soviéticos, coordenando atividades contra a Alemanha de Hitler. Após o término da Segunda Guerra Mundial, continuou sua ascensão na burocracia do Serviço. Muitos acreditavam que ele estava programado para ser o novo diretor-geral do MI6.
Enquanto prestava serviço em Washington em 1951, porém, expôs-se a grave risco. Tomou conhecimento que Donald Maclean, um colega que trabalhava também para os soviéticos e que estava destacado em Washington, encontrava-se sob investigação do FBI. Philby encarregou-se de enviar de volta a Inglaterra de seu posto em Washington a Guy Burgess, um outro colega que era agente duplo para a URSS, a fim de alertar Maclean.
Burgess e Maclean finalmente viajaram para a Inglaterra e mais tarde reapareceram na URSS. Philby passou a ser alvo de fortes suspeitas e, embora livre de acusações diretas, foi demitido de suas funções em 1955. Em 1963, novas acusações vieram à tona a respeito de Philby e suas conexões com a espionagem soviética. Desta vez, Philby voou para Moscou, juntando-se a Burgess e Maclean.
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Philby, em entrevistas dadas na URSS e em seu livro de memórias de 1968 My Silent War: The Soviet Master Spy's Own Story – Minha Guerra silenciosa, inédito em português, declarou que passou a espiar para a URSS durante os anos 1930 porque não acreditava que as potências ocidentais pudessem fazer o suficiente para deter Hitler. No entanto, sua lealdade à URSS e seus ideais comunistas não diminuíram com o começo da Guerra Fria.
Em 1988, morreu em Moscou, aparentemente de um ataque cardíaco. As defecções de Burgess, Maclean e Philby produziram um enorme impacto na diplomacia e nos serviços secretos britânicos, sem contar com o efeito no moral do público em geral. O fato desses três homens, frutos do melhor e do mais brilhante da sociedade britânica, terem se voltado contra seu país, chocou a nação. A defecção de Philby, em particular, foi um dos mais escandalosos acontecimentos da Guerra Fria.