Franz Lehár, compositor austríaco de ascendência húngara, conhecido principalmente por suas operetas, morre em Bad Ischl, Áustria, em 24 de outubro de 1948. Lehar, nascido em 30 de abril de 1870, estudou com seu pai, maestro de banda militar e entre 1888 e 1892 foi aluno no Conservatório de Praga, onde estudou violino e teoria musical. A conselho de Antonin Dvorak, concentrou-se na composição.
Após graduar-se, tocou na Orquestra de Ópera de Elberfeld. Mais tarde juntou-se ao seu pai como assistente da Banda da Infantaria em Viena. Na primavera de 1902, tornou-se regente no Teatro Municipal de Viena. Sua opera Mulheres Vienenses foi ali produzida em novembro de 1902. Seu maior sucesso, porém, foi a conhecidíssima opereta “A Viúva Alegre” que teve pelo mundo afora e nos mais diversos idiomas mais de 5 mil apresentações, sendo muitas vezes apresentada simultaneamente em várias cidades.
Em 30 de dezembro de 1905, estreava em Viena a opereta.. Trata-se de uma história acontecida em Pontevedrino, um país tão pequeno quanto imaginário. O governo de Pontevedrino teme que a viúva alegre gaste sua fortuna em Paris ou caia nas mãos de um usurpador, o que provocaria a falência do principado. Para que o dinheiro permaneça no país, é preciso que um pontevedriano seduza e se case com a viúva. Trata-se de tarefa para o charmoso conde Danilo, inimitável conquistador.
Ao fim da estreia, a opereta recebeu um aplauso apenas moderado. Segundo o maestro da Musikalische Komoedie de Leipzig, Roland Seyfarth, foi o que hoje se chamaria de fiasco. Depois da fracassada estreia, o diretor distribuiu ingressos gratuitos. O resultado foi que o teatro lotou e a peça virou sucesso. Os ingressos para todas as apresentações seguintes se esgotaram.
Logo se espalharam rumores de que o texto de Viktor Leon e Leo Stein parodiava a política dos Bálcãs. Pontevedrino, na realidade, se chamaria Montenegro, onde, no início do século 20, teria existido um príncipe herdeiro dado à boa vida.
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Além de operetas, também compôs músicas dramáticas, como a curiosa Febre, de 1915, um poema tonal para tenor e orquestra, inspirado na experiência trágica do seu irmão, morto na Primeira Guerra Mundial. Até mesmo à valsa Danúbio Azul de Strauss, Lehár deu um título amargo: An der grauen Donau (“No Danúbio Cinzento”).
Segundo Roland Seyfarth, com A Viúva Alegre, Lehár descobriu um estilo próprio e inconfundível de composição, marcado por fortes contrastes. Oscila do sentimentalismo popular ao embalo mundano de animadas valsas e ousadas marchas.
Hitler
Para sua desgraça, A Viúva Alegre também agradou a um contemporâneo seu: Adolf Hitler. Ao lado de Richard Wagner, Lehár era um dos compositores prediletos de Hitler, o que arranharia a sua reputação no pós-guerra. Curiosamente, para o líder nazista a obra era o máximo, apesar de Lehár ser casado com uma judia.
Lehár não se separou da mulher e, ao contrário de outros artistas, pôde continuar compondo sob o regime nazista. Em decorrência foi acusado por colegas de ter colaborado com Hitler e Goebbels.
No teatro e no cinema, A Viúva Alegre sempre retorna. Foi tema de pelo menos três filmes conhecidos, a começar pela versão fetichista e sadista de Erich von Stroheim, de 1925, na qual a protagonista enviúva porque o marido, barão Sadoja, morre na noite de núpcias.
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Uma produção mais ousada é A Viúva Alegre de Ernst Lubitsch (1943), uma delirante fantasia, com Jeanette MacDonald e Maurice Chevalier nos papéis principais. Já na versão de Curtis Bernhardt (1952), a protagonista assume um nome (Chyztal) e uma pose mais apropriados para um seriado barato de tevê do que a comédia.
A viúva da peça já recebeu nomes como Gospodina, Hanna, Sônia e Missia, entre outros. A sua pátria é um lugar escondido no centro da Europa. Até mesmo quanto à terra natal do compositor há uma certa confusão. Considerado por muitos um vienense, Lehár nasceu em Komarn, então Hungria e hoje parte da Eslováquia.
*Com informações de Ralph Geissler – Deutsche Welle
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