Atualizada em 01/06/2015
No dia 1º de junho de 2008, vitimado por um câncer cerebral, morre em Paris Yves Saint Laurent, um dos maiores costureiros da França. Prestigiado internacionalmente, dirigiu sua própria maison de costura por mais de quatro décadas.
É célebre por ter popularizado o “look” dos beatniks dos anos 60, assim como os costumes de tweed, as calças largas e apertadas, os vestidos curtos e suas coleções de alta costura de roupas de luxo.
Nasceu em 1º de agosto de 1936 em Orã, na Argélia francesa, onde passou sua juventude. Em 1954, aos 18 anos, mudou-se para Paris e ingressou em um curso de desenho na Câmara Sindical de Alta Costura. Seu talento seria percebido em 1955 pelo costureiro Christian Dior, que o emprega como assistente de modelagem.
Em 1957, com apenas 21 anos, sofre com a morte de seu mentor. Ele assumiria seu cargo na maison e alcançaria enorme sucesso com a apresentação de sua primeira coleção, intitulada Trapézio. Foi dessa forma que salvou a empresa Dior da falência.
Pouco depois, Saint-Laurent foi convocado pelo Exército francês para combater na guerra de Independência da Argélia. O rancor de ter sido maltratado e ridicularizado pelos seus companheiros de farda levou-o a ser internado num hospital psiquiátrico, onde foi submetido a tratamentos radicais, como terapia por choques.
Retornaria à vida pública em 1962, quando deixou a Dior e fundou sua própria marca, a YSL. Ele contou com o financiamento do bilionário norte-americano J. Marck Robison, que injetou os milhões de dólares necessários para a criação da Maison de Couture Yves Saint Laurent. Isso tudo com a ajuda de seu companheiro e homem de negócios, Pierra Bergé, que havia assumido a gestão administrativa da casa em meio a sua ausência. O casal se separaria afetivamente em 1976, mas preservariam a parceria nos negócios por mais de trinta anos.
Saint Laurent cria a primeira coleção da nova casa em 1962. Em 1966, confecionaria o primeiro smoking feminino para o Desfile de Alta Costura, no Verão 1966. Esse traje foi apresentado pela primeira vez naquele ano sobre uma blusa transparente e uma calça masculina, formando o conjunto que marcaria sua estética revolucionária. Depois disso, o modelo passou a desfilar em todas as coleções do estilista, como uma marca registrada.
Entre todas as suas criações, le smoking, como foi chamado, sinalizava uma mudança na forma como as mulheres se vestiriam dali em diante. A liberdade conquistada por Chanel ganhava poder com o novo traje e com a nova atitude feminina que representava.
Para Suzy Menkes, editora do International Herald Tribune, o smoking feminino foi transformador: “Hoje as mulheres andam normalmente de terno e calças compridas. Isso parece normal, cotidiano, mas, à época, a mulher era proibida de entrar assim num restaurante ou hotel”. Foi tão revolucionário que tornou-se também o primeiro estilista do mundo a usar manequins negras em desfiles de moda.
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Em 1966, acatando uma ideia de Yvonne Nepp, cria a Saint Laurent Rive Gauche, o prêt-à-porter feminino de luxo. Ele empregaria a seguinte fórmula: modelos desenhados pelo criador, confeccionados por uma indústria do exterior e distribuídos por uma rede de butiques sob franquia. Em 1969 resolvem lançar coleções masculinas, que incluíam ternos, calças, blazers e gravatas.
Yves Saint Laurent desenhava figurinos, mas também se aventurou na criação de cenários para as peças Cyrano de Bergerac, em 1959, e para As Bodas de Fígaro. Também foi o cenógrafo de filmes como A Pantera Cor de Rosa, de 1963, e Stavisky, de 1974.
Em 1983, tornou-se o primeiro designer de moda vivo a ser honrado com uma exposição no Metropolitan Museum of Art de Nova York. Em 12 de março de 1985. O presidente francês, François Mitterrand, a quem Saint Laurent e Bergé apoiavam politicamente, lhe outorga as insígnias de Cavaleiro da Legião de Honra.
Em 1990, uma coleção intitulada Homenagens repercute de forma singular com a participação de celebridades como Zizi Jeanmaire e, é claro, com a presença do amuleto do estilista – Catherine Deneuve.
Em 1998, a YSL é comprada por François Pinault, à época o principal acionista de Gucci. Ele estabeleceria novas regras de gestão, de marketing e de lucros para a empresa, além de indicar um novo estilista para o departamento Prêt à Porter Rive Gauche, o então estilista da Gucci Tom Ford.
Em 2001, Saint Laurent seria condecorado com a Ordem de Comandante da Legião de Honra pelo presidente Jacques Chirac e, depois, em 2007, com o título de Grande Oficial da Legião de Honra pelo presidente Nicolas Sarkozy. Em 7 de janeiro de 2002, se despediu da alta costura. Aos 66 anos, disse: “Escolhi despedir-me hoje desse ofício que tanto amei”. Naquele mesmo ano festejaria o quadragésimo aniversário de sua prestigiosa grife.
Tom Ford torna-se seu sucessor no comando da Maison Yves Saint Laurent apenas a partir de 2004. Yves Saint Laurent criou com seu companheiro Pierre Bergé a Fundação Pierre Bergé – Yves Saint-Laurent, que é responsável pela gestão de um museu de moda alimentado por um excepcional acervo de cinco mil trajes e 15 mil acessórios que traçam toda a história de uma extraordinária casa de alta costura, que ditou moda mundo afora.
Também nesse dia:
1967 – Beatles lançam o álbum Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band
1968 – Morre a escritora norte-americana Hellen Keller
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