No dia 17 junho de 1789, em Versalhes, os deputados do Terceiro Estado acatam uma proposta do abade Sieyes e, com o reforço político de padres dissidentes da assembleia do clero, proclamam-se parte da Assembleia Nacional.
Algumas semanas antes, o rei Luis XVI havia reunido os Estados Gerais com os representantes das três ordens – nobreza, clero e terceiro estado (burguesia) – com vistas a encontrar uma solução ao déficit que assolava o governo. O terceiro estado representava os franceses que não tinham direito a qualquer privilégio particular. Seus deputados eram egressos da burguesia, composta em sua maioria por advogados.
Segundo as palavras de Sieyes, eles representavam “86% da Nação”. Isso fez com que seus deputados rejeitassem a medieval divisão em três ordens e passassem, inclusive, a se arrogar o direito de captação de impostos. Seguindo o exemplo dos norte-americanos e dos independentistas corsos, os deputados procuravam fixar por escrito as futuras regras de governo e as atribuições de cada oficial do governo nos termos de uma Constituição.
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O rei Luis XVI recebe muito mal a decisão e, a conselho da aristocracia, ordena o fechamento da sala Menus Plaisirs, onde os deputados tinham o hábito de se reunir. Em 20 de junho, os deputados se reúnem em uma outra sala de Versalhes, a Jeu de Paume, onde juram, sob a presidência de Bailly, “jamais se dispersar e se reunir em qualquer lugar que as circunstâncias exigirem até que a constituição do reino seja estabelecida e consolidada sobre fundamentos sólidos”.
Três dias mais tarde, em 23 de junho, o rei decide dirigir aos deputados ordens de maior firmeza e decreta que os grupos sejam fragmentados de acordo com as ordens de cada um de seus membros. O Terceiro Estado e seus aliados do clero, contudo, recusam a submissão.
A posteridade iria idealizar o incidente, atribuindo ao orador Mirabeau o célebre discurso “Vá dizer àqueles que vos enviam que nós estamos aqui pela vontade nacional e que nós daqui sairemos somente pela força das baionetas”. Guardas entram na sala para esvaziá-la. Mas eis que deputados da nobreza se interpõem. Ninguém menos que o marquês de La Fayette e o duque de La Rochefoucauld. Os guardas não ousam agir e se retiram. Informado do incidente, o rei cede: “Se não querem sair que permaneçam!”.
No dia seguinte, 46 deputados da nobreza liberal conduzidos pessoalmente pelo duque de Orléans, primo do rei, juntam-se aos deputados do Terceiro Estado e do clero no seio da nova Assembleia Nacional. Em 27 de junho, a conselho de seu ministro Necker, o rei ordena finalmente que os deputados se reúnam em Assembleia Nacional.
Enquanto isso, no campo, os camponeses se revoltam e começam a se dirigir aos castelos e aos terriers (tocas), velhos redutos em que estavam inscritos os direitos de propriedade dos senhores feudais. Os rumores de massacre se espraiam de uma aldeia a outra. É o Grande Temor.
À luz desses acontecimentos, os deputados compreendem que somente uma nova política de impostos seria insuficiente para restabelecer a tranquilidade no país. Decidem rever as instituições monárquicas, um conjunto de direitos e de práticas fundados nos usos e costumes e nas incertezas da história.
Em 9 de julho de 1789, oficializam seu projeto de outorgar uma constituição ao reino e se autoproclamam Assembleia Nacional Constituinte. Seria o fim do absolutismo real e o início da Revolução Francesa.
Também nesse dia:
1953 – Revolta operária eclode em Berlim Oriental
1885 – A Estátua da Liberdade chega a Nova Iorque
1940 – França se rende à Alemanha nazista sem lutar
1931 – É inaugurada em Madri a Praça Monumental de Touros de Las Ventas
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