Após uma série de negativas, o presidente de Belarus, Alexander Lukashenko, admitiu nesta quinta-feira (27/07) que um avião monomotor de pequeno porte invadiu o espaço aéreo do país no início do mês e “bombardeou” a cidade de Ivyanets, próxima à capital Minsk, com dezenas de ursinhos de pelúcia.
Os brinquedos caíam em pequenos paraquedas e continham mensagens pedindo a abertura política do país, como “Liberdade para Belarus” ou “Apoiamos a luta pela liberdade de expressão em Belarus”. A ação foi organizada por uma agência de publicidade da Suécia para a ONG Charter 97. Lukachenko está no poder da ex-república soviética desde 1994.
“Como explicar uma provocação cometida por um avião monomotor que não só cruza nossa fronteira, como também invade o território de Belarus impunemente? É, antes de tudo, um problema de segurança para nossos cidadãos”, disse Lukachenko durante uma reunião com a alta cúpula militar do país, informou a agência estatal bielorussa Belta.
Lukachenko prometeu punição não somente para os autores da ação, como também pelos militares da Força Aérea e do controle de fronteiras que, segundo o presidente, permitiram que o avião sobrevoasse o país mas nada fizeram para evitá-lo.
Studio Total
Segundo o presidente, a aeronave foi detectada pelos radares da Força Aérea local, mas não houve uma resposta rápida o suficiente. “Esse avião foi descoberto a tempo, mas porque os oficiais não interromperam o voo?”, indagou o chefe de Estado, citado pela agência russa Interfax. “Onde ocorreu a falha? Em nosso pessoal ou em nosso sistema de controle aeroespacial?”.
Durante todo o mês de julho, o governo e as forças militares negaram a invasão, afirmando-se tratar de uma montagem e uma provocação.
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Um dos pilotos que realizou a ação, Thomas Mazetti, afirmou ao jornal The Local que Lukachenko não tinha outra saída a não ser finalmente se manifestar sobre o ocorrido. “Acho que ele percebeu que não dava mais para negar por tanto tempo. Tivemos nossa filmagem analisada por numerosos analistas que confirmaram que o filme é genuíno”, afirmou.
A campanha
Em nota, a agência de propaganda Studio Total afirmou que patrocinou integralmente a ação, incluindo os pilotos e o avião, e que realizou a ação em condições excepcionais e de “perigo real”, por tratar-se de uma “invasão de espaço aéreo de uma ditadura”.
“Não apoiamos a violação de leis internacionais. Mas quando é por uma causa justa, a única lei que se deve seguir é a do coração”, diz o texto.
Os serviços secretos do país detiveram Anton Suryapin, editor de uma página bielorrusa que informou sobre o lançamento dos ursinhos, além de outro cidadão acusado de ajudar membros da Studio Total a alugar um apartamento em Minsk, segundo a agência de notícias russa RIA Novosti.