Agência Efe
Ato em celebração de um ano de paz organizado pelo grupo independentista e pacifista Lokarri, em San Sebatián
Há um ano, o grupo separatista e socialista basco ETA (Pátria Basca e Liberdade) anunciava sua desistência definitiva da luta pela independência da região pela via armada e através de atos terroristas. Embora o grupo não tenha se dissolvido, a sociedade basca considera que o fim da violência é um caminho sem volta. De acordo com todas as pesquisas de opinião realizada na comunidade basca, a preocupação da população com o tema da violência caiu a níveis históricos. No último levantamento feito pelo instituto de pesquisas Euskobarómetro, o tema só era a prioridade de 4% dos entrevistados.
O tema nem mesmo ganhou o destaque principal nas manchetes tanto na imprensa local quanto na espanhola, mais preocupadas com as eleições regionais que ocorrerão neste domingo (21/10).
As pessoas ameaçadas pelo movimento separatista puderam passar a circular sem escolta nem vigilância. No ano transcorrido não houve nenhuma atividade terrorista e as forças de segurança espanholas e de outros países europeus, sobretudo França e Reino Unido, detiveram cerca de 20 de seus membros.
No entanto, o conflito ainda deixa feridas abertas na sociedade. Investigadores das forças de segurança espanholas acreditam que a organização tem dinheiro suficiente para continuar subsistindo e conservar uma intrincada rede de informantes.
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No plano político, a situação não evoluiu. O governo espanhol, agora sob comando do conservador Mariano Rajoy, do PP (Partido Popular) é inflexível na manutenção do que chama de uma “política de firmeza”, que só aceita negociar a libertação de presos com as forças políticas representantes da esquerda independentista em caso de dissolução total do ETA. A estratégia do partido é obter apoio das vítimas do grupo, muitas delas ligadas a grupos de vítimas de associações terroristas em todo o mundo, como, por exemplo, a AVT (Associação das Vítimas do Terrorismo).
O ETA, por sua vez, advertiu aos mediadores internacionais – representados pelo Grupo Internacional de Contato de Brian Currin e a Comissão de Verificação Internacional – que manterá suas estruturas (incluindo as armas), mas as deixará “inoperantes”, e que não caminhará para sua dissolução até que o que denomina serem “questões técnicas” sejam resolvidas (expressão usada para a libertação de seus integrantes presos).
Segundo fontes da luta antiterrorista, o comando do grupo parece ter “assumido a derrota policial” e que a luta armada “não vai a lugar algum”. Membros ligados ao Batasuna, antigo braço político do ETA, fizeram avanços tímidos em relação à reconciliação com as vítimas, lamentando publicamente a “dor causada” durante os anos de luta.
O grupo independentista tem na atualidade cerca de 550 detidos em prisões espanholas, aos quais é preciso acrescentar aqueles em outros países, sobretudo na França (140) – país onde também se reivindica parte da região basca, embora com menos intensidade do que na Espanha.
Calcula-se também que a organização tenha cerca de cem foragidos. A organização é acusada de ter organizado pelo menos 850 assassinatos em cinco décadas de existência.
(*) Com informações do Diário Vasco e da agência de notícias Efe