Após uma semana de intensos protestos em frente à sede do governo egípcio, o presidente Mohamed Mursi sinalizou nesta sexta-feira (07/12) que pode recuar em uma de suas principais decisões que originaram a onda de manifestações no país.
Agência Efe
Em protesto desta sexta-feira (07/12), dezenas de milhares de egípcios se reuniram em frente ao palácio presidencial
De acordo com o vice-presidente do Egito, Mahmoud Meki, Mursi, está disposto a aceitar o adiamento do referendo sobre a nova Constituição, previsto para o dia 15.
Em entrevista aos jornais Al Ahram e Al Masry Al Youm, Meki disse que “o presidente está disposto a aceitar o atraso do referendo com a condição de que blinde este adiamento de (possíveis) recursos perante a Justiça”.
Desde o dia 22 de novembro, quando Mursi anunciou um decreto que proibia o cancelamento ou a suspensão de suas decisões, o Egito vive uma série de protestos em favor e contra o presidente. Apenas nesta semana, morreram seis pessoas e outras centenas ficaram feridas.
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Na quinta-feira, Mursi tentou propor diálogo com a oposição, mas sugestão foi rechaçada por não islamitas
Meki explicou hoje que, segundo a lei, Mursi é obrigado a convocar um referendo quinze dias após o fim dos trabalhos da Assembleia Constituinte.
Deste modo, “as forças que desejam um atraso no prazo devem apresentar garantias de que não recorrerão à Justiça depois que o presidente o decidir [o adiamento] e que não lhe acusarão de infringir a declaração constitucional”, argumentou Meki.
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Nesta tarde, a Comissão Eleitoral decidiu adiar para a próxima quarta-feira (12/12) o início da votação dos egípcios expatriados, que estava prevista para começar neste sábado. Segundo a agência oficial egípcia, Mena, a decisão responde a um pedido do Ministério das Relações Exteriores para que as respectivas embaixadas e consulados possam concluir os preparativos para a consulta.
Oposição
Em discurso na quinta-feira (06/12), Mursi já havia tentado fazer um discurso de conciliação, propondo um diálogo com a oposição do país. Os representantes não islamitas, porém, rechaçaram a proposta e compararam o atual presidente com o deposto Hosni Mubarak.
“O diálogo carece dos elementos básicos de uma negociação verdadeira e séria”, disse a Frente de Salvação Nacional, liderada pelo prêmio Nobel da Paz, Mohamed ElBaradei, o ex-secretário geral da Liga Árabe, Amr Moussa, e o ex-candidato presidencial Hamdin Sabahi.
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Desde o dia 22 de novembro, manifestantes pró e contrários a Mursi têm saído às ruas no Egito
Para este grupo, formado por grupos liberais, esquerdistas e revolucionários, o discurso de Mursi foi “decepcionante”, já que defendeu suas decisões e não reconheceu a responsabilidade da Irmandade Muçulmana nos confrontos da quarta-feira passada em torno do palácio presidencial.
O posicionamento da oposição deu origem a novos protestos nesta sexta-feira, quando dezenas de milhares de pessoas partiram de forma pacífica de várias mesquitas da capital egípcia em direção à sede do governo entoando palavras de ordem contra Mursi.
A Guarda Republicana, que protegia o palácio, retirou as barreiras que cercavam o complexo, após negociações com os manifestantes. Entre gritos de “O Exército e o povo são uma só mão”, o mesmo lema utilizado durante a revolução contra Mubarak, os opositores a Mursi celebraram esta decisão e alguns inclusive subiram nos carros blindados em um ambiente festivo.
(*) com agência internacionais