A taxa de desemprego no Reino Unido diminuiu no último trimestre, informou nesta quarta-feira (12/12) a ONS (sigla em inglês para Escritório Nacional de Estatísticas). A queda de 86 mil no número de desempregos é a mais brusca em um trimestre em mais de uma década. O desemprego atinge 7,8% da população, ou 2,51 milhões de britânicos. As informações são do jornal The Guardian.
Além disso, a quantidade de empregados também bateu recorde: subiu em 40 mil pessoas com relação ao trimestre anterior, chegando a 29,6 milhões ou 71,2% dos britânicos economicamente ativos. O nível é quase 500 mil a mais que no mesmo período de 2011 e o maior desde o começo das medições, em 1971. Comparado a outubro, em novembro três mil pessoas a menos pediram benefícios de desemprego. O desemprego entre jovens é o menor em três anos e meio.
Apesar disso, as rendas de trabalhadores (excluindo bônus) cresceram 1,7% anualmente, um ponto percentual abaixo da inflação. Por isso o discurso de Spencer Dale, economista-chefe do Banco Inglês: “A dura, mas inescapável realidade desses desenvolvimentos, e os reais ajustes requeridos, é que famílias em nossa economia estão muito pior. Muito pior mesmo”.
NULL
NULL
O fenômeno ocorre pelo fato de o setor privado ter crescido em 65 mil empregos, atingindo um recorde de 23,9 milhões, ao passo que o setor público caiu em 24 mil, chegando ao menor nível desde 2002, com 5,7 milhões de empregados.
O economista destaca a “incrível flexibilidade” de salários: uma vez ajustados pela inflação, hoje estão 15% a menos que estariam caso a crise não tivesse existido. Em outras palavras, como diz o EconomicsBlog do The Guardian, a “flexibilidade” do mercado de trabalho significa que trabalhadores ansiosos não têm escolha a não ser aceitar aumentos irrisórios de renda para assim continuarem no emprego.
A ONS também revelou que o número de pessoas trabalhando menos horas do que gostariam aumentou em mais de um milhão desde 2008, o que sugere que mais pessoas estão sobrevivendo com menos renda do que o desejado. Aliás, o blog mostra que mais e mais britânicos terão que se acostumar com um estilo de vida de menor qualidade, em contraste com anos de desenvolvimento estável.
Isso porque a libra esterlina está em baixa no mercado internacional, causando importações mais caras, e porque o lento crescimento econômico indica uma queda na produtividade. Economistas dizem que a causa pode ser resquício do setor financeiro enfraquecido ou de um crescimento de produtividade ilusório nos anos de desenvolvimento.
O desemprego no Reino Unido atinge hoje 879 mil pessoas a mais que em meados de 2007, quando a crise financeira começou. John Walker, presidente da Federação de Pequenas Empresas, disse que microempresas são a chave para empregar os economicamente inativos e as que querem expandir e agregar força de trabalho devem receber incentivo extra, como isenção de pagamento ao seguro nacional. Segundo Walker, isso adicionaria 45 mil empregos e 1,3 bilhão de libras ao PIB britânico.