Atualizado às 22h05
As ações europeias caíram nesta segunda-feira (25/03), lideradas pelos papéis do setor financeiro, após o ministro das Finanças holandês dizer que o acordo pode servir como modelo de intervenção para a região. Em entrevista à agência Reuters e ao jornal britânico Financial Times, Jeroen Dijsselbloem assumiu que o “momento de calma” observado nos mercados permitiu que a zona do euro introduzisse, no caso de Chipre, novos termos de resgate do setor bancário.
Efe
Dijsselbloem participa de coletiva de imprensa em Bruxelas com a chefe do FMI (Fundo Monetário Internacional), Christine Lagard
“O que fizemos ontem à noite é o que eu chamo reduzir os riscos”, disse Dijsselbloem, em referência ao acordo com o Chipre. “Se há um risco em um banco, a nossa primeira pergunta deve ser 'Ok, o que você que está no banco vai fazer sobre isso? O que você pode fazer para se recapitalizar?'. Se o banco não pode fazer isso, daí vamos falar com os acionistas e com os detentores dos bônus. Vamos pedir-lhes para contribuir com a recapitalização do banco e, se necessário, os titulares de depósitos não segurados”, continuou.
O Chipre concordou em fechar seu segundo maior banco, com os depósitos segurados — aqueles abaixo de 100 mil euros — transferidos para o Banco do Chipre, maior banco do país. Depósitos não segurados, com mais de 100 mil euros, vão enfrentar perdas de 4,2 bilhões de euros.
Depositantes não segurados no Banco do Chipre terão suas contas congeladas enquanto o banco passa por reestruturação e recapitalização. Qualquer capital necessário para fortalecer a instituição será retirado de contas acima de 100 mil euros. No acordo com a troika, os acionistas e detentores de títulos nos bancos são responsáveis por garantir os custos da reestruturação, seguidos pelos depositantes sem seguro. Sob as regras da UE, os depósitos até 100 mil euros estão garantidos.
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“Se queremos ter um setor financeiro saudável, a única solução consiste em dizer: 'Atenção, se assumem riscos, têm de lidar com eles e, se não podem geri-los, então não deveriam ter sido contraídos”, afirmou. Para Dijsselbloem, esta é uma “abordagem” que deve servir de exemplo, evitando uma recapitalização direta dos bancos em dificuldades e que foi decidida pelo Eurogrupo agora que a moeda única, diz, já não está num momento de pressão.
Antes de “procurarem dinheiro público ou qualquer outro instrumento” que implique mobilização de fundos públicos, as instituições que precisam se recapitalizar devem ser capazes de fazer por meios próprios, defendeu.
Aviso
Perguntado sobre o que a nova abordagem significava para países da zona do euro com os setores bancários altamente alavancados, como o Luxemburgo e Malta, e para outros países com problemas bancários, como a Eslovênia, Dijsselbloem afirmou que esses países teriam de encolher os bancos.
“Isso significa lidar com os problemas antes de você entrar em apuros. Fortaleça os bancos, conserte os livros de balanço e perceba que, se um banco ficar em apuros, a solução não será automaticamente que nós vamos chegar e acabar com o seu problema. Nós vamos empurrá-lo de volta. Essa é a primeira resposta que daremos: empurrá-lo de volta. Você que lide com ele.”
Bolsas
O índice das principais ações europeias FTSEurofirst 300 encerrou em queda de 0,3%, a 1.186 pontos, depois de ter avançado 1% mais cedo, enquanto o índice de blue chips (principais ações negociadas) da zona do euro Euro STOXX 50 caiu 1,2%, para 2.649 pontos.
Em Londres, o índice Financial Times caiu 0,22%, a 6.378 pontos. Em Frankfurt, o índice DAX recuou 0,51%, para 7.870 pontos. Em Paris, o índice CAC-40 perdeu 1,12%, a 3.727 pontos. Em Milão, o índice Ftse/Mib cedeu 2,50%, para 15.644 pontos Em Madri, o índice Ibex-35 teve queda de 2,27%, a 8.140 pontos. Em Lisboa, o índice PSI20 retrocedeu 1,19%, para 6.023 pontos.
Na noite desta segunda-feira, o Banco Central do Chipre decidiu que as instituições bancárias permanecerão fechadas, pelo menos, até quinta-feira (28).