Cerca de 4.600 palestinos presos em Israel entraram nesta quarta-feira(03/04) em greve de fome para protestar contra a morte de um prisioneiro que sofria de câncer e que, segundo a ANP (Autoridade Nacional Palestina), não recebeu o devido atendimento médico.
O presidente do Clube de Presos Palestinos, Qadura Fares, disse à Agência Efe que aproximadamente 4.600 detentos se negaram na manhã de hoje a realizar suas refeições e que a medida continuará sendo aplicada.
“É um período muito tenso. Tínhamos apelado para a comunidade internacional porque se sabia o estado crítico de Maysara Abu Hamdiye (preso morto ontem), mas a ocupação israelense não queria que ele passasse seus últimos dias com sua família”, declarou Fares.
A porta-voz do serviço penitenciário israelense, Sivan Weizmann, confirmou que este número de presos não se alimentou pela manhã. As autoridades israelenses não consideram a situação como greve de fome – termo que empregam após a rejeição de seis refeições em um prazo de 48 horas.
Abu Hamdiye, 64, foi condenado à prisão perpétua por seu envolvimento em um frustrado atentado em Jerusalém. O palestino morreu em função de um câncer na garganta em um hospital de Be'er Sheva, próximo da penitenciária de Seroka.
Segundo a agência palestina Maan, em março, Hamdiye se queixou a seu advogado de que só recebia analgésicos para tratar de seu câncer e não contava com atendimento médico dentro da prisão.
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O presidente da ANP, Mahmoud Abbas, declarou nesta terça-feira(02) que a morte de Abu Hamdiye é uma demonstração da “intransigência e arrogância” de Israel.
O responsável pelo serviço de prisões israelenses no sul do país, Gondar Nasim Sabiti, disse que estava sendo analisada uma libertação adiantada para Abu Hamdiye, o que seria discutida nesta semana.
O governo israelense acusa a ANP de utilizar a morte para fomentar o “aumento da violência” na região.
Israel realizará hoje a autópsia do corpo do prisioneiro em Tel Aviv, na presença de um observador palestino. O corpo será depois entregue à ANP, que organizará o enterro, que deverá ser realizado nesta quinta-feira(04/04) em sua cidade natal, Hebron, no sul do território ocupado da Cisjordânia.
O Exército israelense aumentou sua presença em Jerusalém e na Cisjordânia para evitar protestos e enviará um grande aparato de segurança para o funeral.