Os membros do Conselho de Segurança da ONU não conseguiram pactuar resolução ou uma declaração nesta quarta-feira (21/08) a respeito de uma nova denúncia de ataque químico nos arredores de Damasco. EUA, França e Reino Unido, países opositores ao governo sírio, pediram que as Nações Unidas tenham total acesso ao território do país árabe para investigar o ocorrido.
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De acordo com a presidente de turno do Conselho, a embaixadora argentina María Cristina Perceval, todos os integrantes do grupo concordaram que, se for confirmado o uso de armas químicas por qualquer parte envolvida na guerra civil síria e em qualquer circunstância, se tratará de uma violação das leis internacionais. Os países também pediram um cessar-fogo e o fim das hostilidades entre o governo do presidente Bashar al Assad e os grupos opositores armados.
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Os países-membros também expressaram “grande preocupação” pela situação na Síria e concordaram que é preciso “clareza” sobre a nova denúncia.
Por fim, a embaixadora argentina disse que os membros do Conselho apoiam a determinação do secretário-geral, Ban Ki-moon, para que faça uma investigação “imparcial” e destacaram a necessidade de enviar ajuda humanitária de emergência às vítimas.
O Conselho de Segurança realizou de urgência um encontro a portas fechadas a pedido de França, Reino Unido, Luxemburgo, Coreia do Sul e Estados Unidos, cinco dos 15 membros do Conselho, para abordar os últimos eventos na Síria.
Agência Efe
Os ministros de Relações Exteriores do Reino Unido, William Hague (esq.) e da França, Laurent Fabius, em Paris
A opositora CNFROS (Coalizão Nacional Síria) denunciou que pelo menos 1.300 pessoas morreram nesta quarta em um suposto ataque com armas químicas do exército nos arredores de Damasco, acusações negadas pelas autoridades sírias de forma imediata. O governo de Bashar al Assad nega que tenha utilizado armas químicas.
Ocidente
O governo dos Estados Unidos pediu à ONU uma “investigação urgente” para a qual, segundo disse, o regime de Bashar al Assad deve permitir um acesso “sem restrições”.
“O uso de armas químicas terá consequências”, afirmou o porta-voz adjunto da Casa Branca, Josh Earnest, em coletiva, ao ser questionado em sua entrevista coletiva diária sobre qual seria a reação dos EUA se as denúncias forem confirmadas.
Os Estados Unidos não têm confirmação independente do ataque, mas estão “trabalhando em caráter de urgência para recopilar informação adicional” e entrando em contato com seus aliados na região, acrescentou.
Earnest pediu que a averiguação seja realizada pela equipe da ONU liderada pelo professor sueco Ake Sellström, que chegou à Síria no sábado com um mandato inicial de 14 dias e “está preparado para fazê-lo”.
“Se o governo sírio não tem nada para ocultar e está verdadeiramente comprometido com uma investigação parcial e crível do uso de armas químicas na Síria, facilitará o acesso imediato e sem restrições da equipe da ONU a este lugar”, indicou Earnest.
Os ministros das Relações Exteriores francês, Laurent Fabius, e britânico, William Hague, mostraram exigiram que a ONU possa investigar urgentemente a suspeita no terreno.
Pouco antes do início de uma reunião bilateral em Paris, os dois titulares das Relações Exteriores afirmaram que, se for confirmado que pelo menos 1.300 pessoas morreram supostamente por conta do ataque com substâncias químicas perto de Damasco, se trataria de um drama “sem precedentes”.
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“Esperamos que a equipe (da ONU) em Damasco tenha acesso imediato a essa zona para estabelecer a verdade. Não há razão para que não possam entrar em uma zona não muito longe de onde estão trabalhando agora”, disse Hague à imprensa.
Os dois ministros europeus expressaram o desejo de que o Conselho faça com que o governo sírio proporcione acesso à equipe na zona e que essa reunião sirva para “despertar” apoiadores do presidente Bashar Al Assad, para que se “deem conta dos assassinatos” cometidos pelo regime sírio – em clara referência à Rússia, principal aliada de Damasco e membro permanente do Conselho de Segurança (com direito a veto para qualquer resolução).
Fabius, por sua parte, acrescentou que manteve uma conversa telefônica com o presidente da Coalizão Nacional Síria, Ahmed Al Jarba, e que transmitiu “as mais sinceras condolências e a profunda solidariedade da França com o povo sírio perante este sofrimento”.
“Os dados recolhidos pela Coalizão parecem corroborar as presunções de uso de armas químicas. Se for confirmada, seria de uma gravidade extrema”, disse o ministro.
O chanceler da Turquia, Ahmet Davutoglu, disse que as imagens de TV vindas da Síria mostram “claramente” que houve uso de armas químicas nos ataques próximo a Damasco. Ele também pediu uma investigação imediata da ONU. “O uso de armas químicas na Síria é evidente pelas filmagens vindas de lá”, disse em entrevista à TV local. “Pedimos uma investigação imediata das equipes da ONU”.