A secretária-executiva da Cepal (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe), Alicia Bárcena, afirmou que o “ciclo econômico da América Latina está chegando ao seu limite” e que agora são necessários “Estados sólidos” para evitar que os progressos da última década sejam perdidos.
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“Vivemos um contexto de grandes dificuldades, diante de panorama muito complexo e uma lenta recuperação econômica marcada pela incerteza”, afirmou Bárcena durante encontro realizado com responsáveis da área de planejamento dos países da América Latina e do Caribe, em Brasília, nesta quinta-feira (21/11).
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Esplanada dos Ministérios, em Brasília, sediu encontro de planejamento econômico da América Latina e do Caribe
Previsões recentes indicam que as taxas de crescimento da economia mundial ficarão em torno de 3,1% em 2013 e 3,6% em 2014. Para a secretária-executiva da Cepal, tais índices baixos de crescimento podem criar dificuldades para as principais economias emergentes e, em especial, para todos os países da América Latina e do Caribe.
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Bárcena considerou que avanços substanciais em termos de crescimento econômico, emprego, redução da pobreza e da desigualdade foram alcançados durante a última década no continente latino-americano. No entanto, a secretária ressaltou o fato da América Latina e do Caribe ainda constituírem as regiões com os maiores índices de desigualdade do mundo.
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“América do Sul, América Central e Caribe possuem três realidades diferentes, mas todas são dependentes do consumo interno e das exportações líquidas, o que gera uma grande vulnerabilidade externa”, pontuou. Para ela, após a suspensão dos incentivos à economia dos Estados Unidos ou o “ciclo do hiperfluxo de matérias-primas”, tal vulnerabilidade pode se acentuar.
No encontro, a representante da Cepal também alertou que a América Latina deveria se preparar para um destino incerto, uma vez que, num cenário de taxas de câmbio flexíveis, as exportações tendem a se contrair.
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Todas essas considerações levam Bárcena a defender que o modelo econômico latino-americano está chegando ao seu limite, pois este precisa atualizar sua estrutura de produção o quanto antes, tornando-o a mais produtiva e competitiva.
“O mundo agora se reorganiza em torno de Ásia, América do Norte e Europa, enquanto a América Latina e o Caribe continuam na periferia”, afirmou a secretária, criticando o descompasso do continente latino-americano em relação à revolução tecnológica mundial.
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Nesse contexto, a representante da Cepal reconheceu a redução de 20% dos índices de pobreza e miséria da América Latina e do Caribe nos últimos anos, mas lembrou que ainda existem “57 milhões de pessoas na pobreza extrema” na região.
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Para atender essa população e impedir que aqueles que deixaram a situação de miséria para ela retornem, a secretária fez um apelo à América Latina e ao Caribe: “se consolidem em Estados sólidos, recuperem o planejamento estratégico e, a longo prazo, melhorem seus índices de produtividade para buscar uma maior inserção no plano internacional”.
Por fim, Bárcena pediu aos países da região que aumentem seus índices de investimento, a fim de que a média atual de investimentos correspondente à 22% do PIB da região atinja a meta de 30%.
(*) com Agência Efe