Atualizada às 17h40
Após o baixo comparecimento às urnas nos dois dias de eleições presidenciais, a comissão eleitoral do Egito decidiu nesta terça-feira (27/05) estender o pleito até amanhã. A medida vem depois de o governo interino já ter declarado feriado nacional e prolongado o horário do pleito, na tentativa de convencer a população a comparecer. Os colégios eleitorais foram abertos na segunda-feira (26) e originalmente deveriam ser encerrados hoje, terça.
Os dois únicos candidatos ao cargo, entretanto, não concordam com a ampliação do período dos votos. As equipes de campanha do ex-chefe do Exército, Abdel Fattah Al-Sisi, e de Hamdeen Sabahi rejeitaram a decisão da Comissão Eleitoral e expressaram estar inconformadas com a ideia.
Segundo a equipe de Sabahi, a decisão foi “surpreendente depois do começo das pressões fortes e claras de diferentes partes para ganhar mais tempo e elaborar um cenário que ninguém conseguiu impor aos egípcios em dois dias”.
Al- Sisi deve emergir como o próximo presidente do país. Quando votou ontem no Cairo, o marechal acenou para seus simpatizantes e declarou que “os egípcios estão escrevendo sua história”.
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Sisi, que deixou o Exército em março para concorrer ao pleito, liderou o golpe que afastou o primeiro presidente democraticamente eleito do país, Mohamed Mursi, em julho de 2013. O militar disputa o cargo com apenas um candidato: o político esquerdista Hamdeen Sabahi, que já foi deputado e que ficou em terceiro lugar na eleição de 2012.
De acordo com a equipe de campanha de Sabahi, a participação no primeiro dia de eleições presidenciais no Egito não superou 15%. Para os integrantes da campanha do marechal, o motivo da alta abstenção é que não há interesse em votar “se está certo que Sisi ganhará o pleito”.
Efe
Com alta abstenção, premiê Ibrahim Mahlab alertou que será imposta uma multa para os que não votarem
Nesta terça, o primeiro-ministro egípcio, Ibrahim Mahlab, declarou que o segundo dia está acontecendo em um ambiente de “segurança e proteção” e que o pleito tem “total transparência e imparcialidade” do governo. O premiê também alertou que será imposta uma multa para os que não votarem. Segundo a Al Jazeera, os eleitores teriam recebido mensagens de texto que os advertiam sobre a possibilidade de multa, já que a lei do país prevê a obrigatoriedade do voto.
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A Irmandade Muçulmana, a qual Mursi pertence, instruiu seus seguidores a boicotar o pleito. Declarado como organização terrorista pelo Estado, o grupo opositor descreveu a votação como “a eleição da presidência do sangue”. Além da Irmandade, jovens que participaram em 2011 do levante contra o ex-presidente Hosni Mubarak também devem boicotar as eleições.
Efe (mar/2014)
Sisi (foto) esteve à frente do golpe que afastou o primeiro presidente democraticamente eleito do país, Mohamed Mursi, em 2013
O mês de julho do ano passado foi o período mais sangrento do conflito interno na história moderna do Egito. Na ocasião, centenas de apoiadores da Irmandade e membros das Forças de Segurança foram mortos durante os confrontos. Esta é a segunda vez que os egípcios tentam eleger um presidente em dois anos.
Em janeiro, 98% dos egípcios que foram as urnas em uma consulta eleitoral decidiram por referendar a nova Constituição do país — a terceira em quatro anos. O movimento foi interpretado como uma aprovação aos militares, comandados por Sisi, que gerenciam o Estado egípcio desde a deposição do presidente Mursi.