“Democracia, direitos humanos, desenvolvimento e segurança”. Estes são os pilares da campanha realizada pelo ex-chanceler uruguaio Luis Almagro, candidato único ao posto máximo da OEA (Organização dos Estados Americanos), na eleição que será realizada nesta quarta-feira (18/03).
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Com o apoio da maioria dos países latino-americanos e caribenhos e também dos Estados Unidos, Almagro terá como principal desafio restaurar a credibilidade da organização, único fórum regional do continente americano que conta com a presença de Estados Unidos e Canadá.
Uma das prioridades definidas pelo senador e ex-chanceler durante o governo do ex-presidente José Pepe Mujica será reintegrar Cuba, único país das três Américas fora do bloco.
Para assumir o cargo de secretário-geral, ocupado há dez anos pelo chileno José Miguel Insulza, Almagro precisará obter 18 votos. O número parece não ser um problema, já que 23 dos 34 países que compõem a região já manifestaram apoio à sua candidatura.
Nesta terça (17/03), os Estados Unidos declararam ter confiança “na capacidade [de Almagro] de liderar a OEA” e ressaltaram a necessidade de “reformar o organismo e restaurar sua importância no hemisfério”.
A pauta de restauração da OEA — com quem o Brasil tem uma dívida que supera os US$ 8 milhões — vem sendo há tempos defendida pelos países latino-americanos, que nos últimos anos criaram organismos como a Unasul (União das Nações Sul-Americanas) e a Celac (Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos) e os utilizaram como alternativa à entidade, considerada alinhada aos interesses dos Estados Unidos.
Propostas
Almagro promete corresponder às expectativas e “dar à OEA a credibilidade que todos reivindicam”, como esclareceu no mês passado ao apresentar candidatura. Ele também pretende “fortalecer a independência” da CIDH (Comissão Interamericana de Direitos Humanos), instrumento muito criticado pelos governos de esquerda do subcontinente.
Reprodução/OEA
Salão dos Heróis, na sede da Organização dos Estados Americanos, em Washington, nos EUA
O uruguaio também diz apostar em uma maior coordenação da OEA com os fóruns regionais e defende a criação de um fundo de contingência para desastres naturais, com ênfase no Caribe e na América Central, além de um fundo de interconectividade tecnológica no Caribe.
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Para ele, a OEA do século 21 deve ser “global, sair ao mundo, relacionar-se com países e entornos estratégicos, com organismos multilaterais globais e regionais”. Neste sentido, ressaltou que tanto a Unasul, quanto a Celac, não devem ser vistas como “exercícios competitivos ou antagônicos da OEA, mas complementares”.
“A OEA vale a pena e representa um espaço de diálogo único — não há outro similar —, que apresenta o arco-íris de visões e ideias de todo o continente. Esta diversidade pode atuar com unidade, sempre e quando saibamos atualizá-la ao século 21”, disse Almagro.
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Sede da OEA na capital norte-americana, Washington
Perfil
Almagro integra a Frente Ampla, coalizão que governa o Uruguai desde 2005 e teve sua carreira diplomática iniciada em 1988, quando foi nomeado representante do Uruguai na Unesco.
Advogado, foi chanceler durante todo o mandato de Mujica, de 2010 a 2015, além de ter sido o responsável por politicas como a recepção de refugiados sírios e de pessoas que estiveram detidas na base naval norte-americana de Guantánamo.
Também se empenhou, enquanto ministro das Relações Exteriores, por um melhor relacionamento do Uruguai com Venezuela, Cuba e os sócios do país no Mercosul (Mercado Comum do Sul).
Em entrevista à agência Efe no último mês, ressaltou que durante seu mandato apostou no “diálogo político, maiores níveis de cooperação, comércio e investimento nas relações bilaterais, regionais e sub-regionais”.