O economista francês Thomas Piketty, autor do best-seller O capital no século XXI, esteve na quarta-feira (20/05) em Berlim, capital da Alemanha, onde aproveitou um evento literário para discursar sobre a questão do perdão europeu às dívidas públicas da Grécia.
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Piketty foi professor no MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts)
Conhecido pelo debate da desigualdade de renda gerada pelo capital, o acadêmico recordou que, no passado, outros dois países europeus passaram por longos períodos de dívida: Inglaterra e Alemanha.
Segundo Piketty, a situação britânica no século XIX após as guerras napoleônicas e a condição alemã depois da Segunda Guerra Mundial levaram as dívidas públicas das nações a serem “mais elevadas do que as da Grécia de hoje”, em mais de 200% de seus PIBs (Produto Interno Bruto), respectivamente.
Para o economista francês, a Europa deveria se inspirar no exemplo do perdão dos Aliados à dívida alemã em 1953 para a anulação de grande parte da atual dívida de Atenas. “Foi uma coisa muito boa”, diz Piketty, citado pelo Le Monde. “Isto permitiu a reconstrução do país, que se tornou uma grande potência econômica mundial”.
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Afundada em uma dívida de 185% de seu PIB em 2014, o governo grego – encabeçado pelo partido de esquerda Syriza — tem pagado em dia as parcelas de empréstimo de credores europeus, mas está cada dia mais sem liquidez.
Para solucionar essa crise temporariamente, Atenas pede a extensão de um acordo de crédito o mais rápido possível, embora adote um discurso de abandono à austeridade que, por sua vez, é criticado por instituições financeiras como o FMI (Fundo Monetário Internacional) e o BCE (Banco Central Europeu).
“Por que não podemos fazer a mesma coisa com a Grécia hoje?”, questiona o economista francês. “Os jovens gregos devem estar mais em desvantagem e serem mais responsáveis pelos erros cometidos no passado do que os alemães em 1953? Por que recusar o que foi aceito pelos alemães?”.