Atualizada às 12h
O Banco Central Europeu (BCE) informou neste domingo (28/06) que decidiu manter no nível atual os empréstimos de emergência para as entidades financeiras gregas.
O Conselho do BCE se reuniu hoje por teleconferência para decidir se manteria a liquidez para os bancos gregos, depois de as negociações entre a Grécia e seus credores (BCE, FMI e Banco Mundial) serem interrompidas após o governo grego decidir convocar um referendo para votar a proposta de ajuda.
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O Conselho do BCE decidiu manter no nível estabelecido na sexta-feira a quantidade máxima de empréstimos que as entidades gregas podem pedir ao Banco da Grécia através do programa de fornecimento urgente de liquidez.
Esse valor máximo de empréstimos de emergência se aproxima dos 90 bilhões de euros.
Os bancos gregos dependem destes empréstimos de emergência, e para o jornalista econômico Robert Preston, da BBC, esta decisão pode aumentar a pressão para que o governo grego imponha restrições sobre quanto correntistas podem sacar dos bancos.
A medida, no entanto, não parece estar nos planos do governo Syriza. O ministro das Finanças grego, Yanis Varoufakis, escreveu hoje em seu Twitter que “o controle de capital dentro de uma união monetária é uma contradição em termos. O governo grego se opõe ao próprio conceito.”
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Agência Efe
O presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi
Segundo a nota do BCE, “o conselho de governo está preparado para reconsiderar esta decisão”.
“Continuaremos trabalhando estreitamente com o Banco da Grécia e respaldamos fortemente o compromisso dos Estados-membros de atuar para enfrentar as fragilidades das economias da zona do euro”, ressaltou o presidente do BCE, Mario Draghi.
O governador do Banco da Grécia, Yannis Stournaras, disse que essa instituição, “como membro do Eurossistema, tomará todas as medidas necessárias para assegurar a estabilidade financeira dos cidadãos gregos nestas difíceis circunstâncias”.
Parlamento aprova referendo
O Parlamento da Grécia aprovou ontem a convocação de um referendo sobre as medidas propostas pelos credores internacionais em troca do desembolso do resgate do país.
Após um debate de mais de 14 horas, a solicitação foi aprovada por 178 votos a favor, 129 contra e nenhuma abstenção.
O primeiro-ministro, Alexis Tsipras, pediu aos cidadãos para se pronunciar com um claro 'não' no referendo do próximo domingo, mas ao mesmo tempo prometeu continuar disposto a chegar a um acordo.
“Nossa intenção de obter um compromisso de honra estará sempre sobre a mesa”, disse Tsipras, afirmando que um 'não' às propostas das pessoas que fazem empréstimos fortaleceria posteriormente a posição negociadora do governo.
Agência Efe
Tsipras é aplaudido após discurso no Parlamento grego
A decisão sobre o referendo “não constitui uma ruptura com a Europa, mas sim com as táticas que ofendem a Europa”, esclareceu.
O líder da oposição, Antonis Samaras, afirmou que no referendo não se propõe dar um 'sim' ou 'não' à austeridade, mas 'sim' ou 'não' ao euro.
“A proposta de referendo arrasta o país para fora da Europa”, disse o líder da Nova Democracia e ex-primeiro-ministro Samaras.
A votação no Parlamento aconteceu enquanto em Bruxelas os ministros de Finanças da zona do euro decidiam não conceder à Grécia a prorrogação do resgate por algumas semanas, solicitada por Tsipras para permitir aos cidadãos votar “sem pressões”.
Apesar dar como finalizadas por parte da Grécia as negociações e excluir o ministro de Finanças grego, Yanis Varoufakis, de uma segunda reunião “informal”, a mensagem principal foi que em todo caso a Grécia continua sendo um membro da zona do euro.
Varoufakis afirmou que se nos próximos dias se acertar um compromisso, o governo solicitaria no referendo o 'sim' para esse acordo.
*Com Agência Efe e BBC